O que Santos representa à indústria de navios de cruzeiros

Santos é protagonista no setor de cruzeiros do Brasil e isso traz responsabilidade e expectativa à altura

Por: Marco Ferraz  -  07/04/23  -  06:10
Atualizado em 10/04/23 - 09:26
Os cruzeiros internacionais têm conquistado cada vez mais brasileiros
Os cruzeiros internacionais têm conquistado cada vez mais brasileiros   Foto: Gustavo Zanaroli/AT

Você sabia que mais da metade da movimentação de cruzeiristas do país está concentrada em Santos? Apenas nesta temporada, são esperados cerca de 450 mil passageiros neste que é um dos maiores portos da América Latina. Faço até uma conta rápida para exemplificar a magnitude desses números: se levarmos em conta que essas mesmas pessoas vão e voltam, estamos com 900 mil turistas passando pela Cidade.


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E se você pensar que muitos desses navios embarcam não somente passageiros, mas provisões, o impacto no Estado de São Paulo e na Baixada Santista são os maiores, pois envolvem os gastos do passageiro, onde ele embarca e faz trânsito, além dos custos das companhias com combustíveis, comida, bebida, taxas, impostos, folha de pagamento e salários, entre outras coisas.


Estamos voltando a crescer e as projeções mundiais, que refletem aqui, são animadoras. Durante o Seatrade, maior feira da indústria de cruzeiros, o presidente global do conselho da Clia, Pierfrancesco Vago, disse são esperados mais de 30 milhões de cruzeiristas em todo o mundo este ano e, até 2026, será atingida a marca de 39 milhões, cerca de 30% a mais que em 2019.


Santos é protagonista no setor de cruzeiros do Brasil e isso traz uma responsabilidade e uma expectativa à altura de tanta visibilidade. Se, por um lado, celebramos nossos avanços e conquistas, por outro, é preciso que se tenha um olhar cuidadoso de todos os envolvidos para que o Porto de Santos seja compatível com um serviço de alto nível e excelente infraestrutura. Assim como a aviação depende do aeroporto para operar, nossos portos e terminais de passageiros precisam acompanhar a evolução da indústria de cruzeiros para receber tanto os navios pequenos e médios quanto os maiores e mais tecnológicos.


Além disso, nosso setor está reduzindo as emissões de carbono em 40% até 2030, com a meta maior de zerá-las até 2050, e investe muito nesse quesito. Atualmente, 40% da frota de membros da Clia já está equipada para se conectar à eletricidade nos portos, permitindo que os motores sejam desligados, reduzindo as emissões. Também precisamos do gás natural liquefeito (GNL) para abastecimento dos navios mais modernos. Temos que nos preparar para isso.


Estamos próximos das autoridades para encontrar pontos de melhoria, já que o setor de cruzeiros evoluiu muito nos últimos tempos. Há mais de dez anos, a maior embarcação que fazia a nossa temporada tinha capacidade para 2,6 mil passageiros, menos da metade dos 6 mil cruzeiristas que podem embarcar no maior navio da próxima temporada. Por isso, apoiamos a mudança do terminal de passageiros para o Valongo, com um projeto avançado e berços exclusivos.


Atualmente, mesmo com o maravilhoso trabalho do Concais, a operação de navios de cruzeiros tem dificuldades com a falta de berços próximos ao terminal para os grandes navios e a logística de transporte dos passageiros para as embarcações.


A temporada 2022/2023, que deve ter entre 650 mil e 700 mil cruzeiristas embarcados, pode impactar em cerca de R$ 3,6 bilhões a economia do Brasil e gerar 48 mil empregos. Para a próxima, na qual esperamos uma oferta de 840 mil leitos, projetamos chegar aos R$ 3,9 bilhões de impacto nacional. Estamos falando da maior temporada dos últimos 11 anos!


Nosso caminho está no interesse e apoio do governo, nos âmbitos federal, estadual e municipal, para que a indústria de cruzeiros continue crescendo, impactando positivamente a economia do País, de toda comunidade envolvida na nossa atividade, toda cadeia de turismo, como hotéis, gastronomia, atrações, entre outros, além dos destinos que recebem os navios, principalmente Santos, que como home port também tem sua rede hoteleira beneficiada pelos cruzeiristas que chegam antes do embarque e decidem descansar na cidade antes de retornarem para suas casas. Todos ganham com isso.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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