Até onde chega o impacto econômico dos cruzeiros?

Mais leitos, mais cruzeiristas e maior eficiência dos navios levaram o Brasil a alcançar números recordes

Por: Marco Ferraz  -  12/09/23  -  06:24
Cada R$ 1,00 investido no setor de cruzeiros movimentou R$ 4,05 na economia nacional
Cada R$ 1,00 investido no setor de cruzeiros movimentou R$ 4,05 na economia nacional   Foto: Silvio Luiz/AT

Você sabia que os impactos econômicos da indústria de cruzeiros vão muito além das atividades diretamente ligadas aos navios? Com certeza você conhece alguém que faz parte da ampla cadeia ligada aos cruzeiros marítimos, principalmente em Santos, que representa 60% dos embarques das temporadas nacionais. Aliás, você mesmo pode ter sido impactado pelos números do nosso setor.


Segundo o recente estudo feito pela Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia Brasil) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV), cada R$ 1,00 investido pelo setor de cruzeiros movimentou R$ 4,05 na economia nacional. Vou explicar: a temporada 2022/2023 injetou R$ 5,1 bilhões na economia brasileira. Esse número engloba tanto gastos diretos, indiretos e induzidos das companhias marítimas quanto os de cruzeiristas e tripulantes. O impacto gerado pelas armadoras foi de aproximadamente R$ 3 bilhões. Já o impacto gerado pelos gastos dos cruzeiristas e tripulantes foi de R$ 2,1 bilhões.


Esses gastos dos cruzeiristas e tripulantes beneficiam muitos setores da economia. Por exemplo, os impactos no segmento de alimentos e bebidas chegaram a R$ 631,4 milhões. Comércio varejista - despesa com compras e presentes – foi impactado em R$ 618,4 milhões, seguido por transporte durante a viagem, com R$ 508,9 milhões e transporte antes e/ou após a viagem, com R$ 325,3 milhões. Passeios turísticos somam R$ 260 milhões e, por fim, hospedagem antes ou após a viagem de cruzeiro teve R$ 93,8 milhões injetados pela indústria de cruzeiros.


O estudo também trouxe um dado muito interessante: quanto cada cruzeirista deixa nas cidades de escala. Esse índice foi de R$ 639,37, mas quando falamos em Santos, que é uma cidade de embarque e desembarque, o impacto foi ainda maior e chegou a R$ 813,56. Esse valor chega ao restaurante, ao vendedor de água de coco na praia, à loja de lembrancinhas, à manicure da região, ao supermercado, ao taxista, à empresa de passeios, ao hotel, à companhia especializada em limpeza, aos agentes de viagens e operadores de turismo, ao vendedor de lanche na orla, entre muitos outros que fazem parte do dia a dia das pessoas.


Só na última temporada, foram 803 mil cruzeiristas percorrendo por 17 destinos, a bordo de nove navios. Se considerarmos que Santos representa 60% dos embarques, mais da metade desse número recorde de pessoas movimentou a economia santista e arredores. Também durante a temporada 2022/2023 foram gerados quase 80 mil postos de trabalho: 1.652 entre tripulantes e 77.915 entre empregos diversos, de forma direta, indireta e induzida, motivados pelos gastos das armadoras e dos cruzeiristas e tripulantes nas cidades portuárias.


Mais leitos ofertados, mais cruzeiristas e maior eficiência dos navios levaram a indústria de cruzeiros no Brasil a alcançar números recordes na última temporada e mostrar sua força e alta capacidade de retomada.


Entretanto, a temporada passada e a próxima são as de maiores custos operacionais de todos os tempos. Por isso, precisamos buscar melhorias em infraestrutura, segurança, regulação e desenvolvimento de novos destinos, além de estarmos preparados para receber os novos navios, maiores, mais tecnológicos e sustentáveis. O presente é positivo e o futuro pode ser ainda mais promissor se conseguirmos melhorar a competitividade do setor no Brasil e na América do Sul, sempre com responsabilidade e muito trabalho focado nas pessoas, no meio ambiente, no compliance e nas comunidades visitadas pelos navios.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter