
(Divulgação)
Sem dúvida, a vitória do Brasil sobre a Colômbia, em Brasília, por 2 a 1, foi extremamente positiva e importante. De pronto, concluída a primeira rodada da atual data Fifa, a seleção subiu na tabela de classificação, do quinto para o terceiro lugar, e melhorou muito a perspectiva de conquista de uma vaga para a Copa do Mundo de 2026, no Canadá, México e Estados Unidos.
Apesar da campanha irregular, dificilmente a seleção ficará de fora do próximo mundial. São seis vagas e uma sétima para decidir em repescagem contra um representante da Oceania, cujo nível técnico normalmente é fraco. O Brasil tem agora 21 pontos e mais cinco jogos a disputar, incluindo a Argentina, terça-feira, em Buenos Aires. Segundo especialistas, com 25 ou 26 pontos o time nacional deve estar matematicamente classificado.
Num primeiro momento, é o que importa, afinal o Brasil é o único país que disputou todas as copas do mundo. Porém, é preciso avaliar a perspectiva em termos de possibilidade de conquista do tão sonhado hexao. Com isenção, hoje, nossas chances são reduzidas.
O Brasil jogou bem contra a Colômbia? Não, Salvo alguns bons momentos, início do jogo e depois, no começo do segundo tempo, a seleção brasileira foi um time dominado, sem nenhum sentido coletivo. Esse, inegavelmente, é o grande problema da equipe nacional.
É um grupo de bons jogadores, alguns craques na mais pura acepção do termo, como Vini Júnior, Rodrigo, Raphinha, mas sem conexão entre a individualidade e o imprescindível espírito coletivo. Contra a Colômbia, a vitória só ocorreu em razão da coragem de Vini Júnior, que no final da partida resolveu literalmente definir o jogo.
Seu gol foi fruto de coragem e da habilidade individual, sem a participação de nenhum companheiro: houve apenas a colaboração de um zagueiro adversário, desviando parcialmente a trajetória da bola. Circunstâncias à parte, foi uma linda jogada e uma conclusão perfeita, como faz costumeiramente no Real Madrid. Em síntese, fez o que há muito se espera dele.
A grande dúvida é se há solução para melhorar o futebol do Brasil. A priori, sim. Nenhuma seleção tem tantas opções como a seleção nacional, incluindo Neymar. Nesse contexto, fundamentalmente vai depender do treinador, de suas escolhas e principalmente liderança.
Convocar apenas os melhores não vai resolver. A história demonstra que montar um time de apenas grandes jogadores não significa que o resultado será natural. Num passado relativamente recente, o Real Madrid montou um time de ‘galácticos’, inclusive com brasileiros, e o ‘tiro saiu pela culatra’. O Flamengo um dia também seguiu por esse caminho e fracassou redondamente.
À distância, não deve ser uma questão de vaidade, o ambiente entre os jogadores parece saudável e sem disputas. A vitória sobre a Colômbia aliviou, notadamente para Dorival Júnior, que tem a responsabilidade direta de fazer a seleção jogar seu verdadeiro futebol.
Nos bastidores, principalmente no Rio de Janeiro, é nítido o movimento para demitir o treinador. Uma corrente carioca defende a imediata troca de técnico, dando uma oportunidade para Felipe Luís, que vem demonstrando capacidade e sucesso no Flamengo.
Tem méritos, sem dúvida: com pouco tempo de carreira, acumula títulos e indica uma liderança positiva. Sua história brilhante como jogador e a experiência adquirida durante muitos anos na Europa, convivendo com importantes treinadores, o credenciam para o cargo. Talvez seja questionável somente a sua maturidade, afinal ainda é jovem e está praticamente iniciando uma nova fase no futebol.
Porém, não é hora de trocar o treinador, é preciso dar um pouco mais de tempo para Dorival Júnior. Seu histórico como técnico também é vitorioso, se tiver tempo e apoio para trabalhar, tem condições de recuperar o Brasil.
Na seleção, contudo, quase sempre prevalecem o imediatismo e os interesses. O confronto com a Argentina pode ser um ‘divisor de águas’ para o treinador e para o Brasil. Nossos ‘hermanos’ são hoje o melhor time do Cone Sul e até do mundo.
Depois da Argentina, o Brasil enfrentará o Equador em Guaiaquil, atualmente segundo colocado com 22 pontos, um a mais do que a seleção brasileira. Outro adversário muito difícil. Duas decisões, principalmente para Dorival Júnior.