Novembro Azul: Sexóloga explica como cuidar do pênis

Profissional comenta sobre cuidados com fimose, balanopostite, doença de peyronie, disfunção erétil, HPV e câncer

Por: Marcia Atik  -  22/11/21  -  13:40
O Instituto Lado a Lado pela Vida, idealizador do Movimento Novembro Azul, criou uma campanha bem-humorada no Instagran chamada de 'Lave o Dito Cujo'.
O Instituto Lado a Lado pela Vida, idealizador do Movimento Novembro Azul, criou uma campanha bem-humorada no Instagran chamada de 'Lave o Dito Cujo'.   Foto: Unsplash

Quando mulheres se encontram, é quase certo que em algum momento conversas sobre sexualidade, cuidados com o corpo e visitas médicas, principalmente ao ginecologista, sejam assuntos abordados.


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Mas quando os homens se encontram a regra é falar dos super poderes sexuais que são capazes utilizando sua ferramenta-mor que é o pênis.


Estando no mês de novembro, acho que vale a pena falar dele e também de suas fragilidades - que existem e na sua maior parte em consequência de maus hábitos ou negligência.


Começando pela higiene, pois o pênis tem particularidades que devem ser reparadas e caprichadas na hora da higiene, e isso vale para homens feitos e para mães e pais de filhos homens, que raramente se preocupam em ensinar cuidados, pois a regra é usou, lavou e está novo.


Quando se fala em higiene íntima, fala-se em mexer, levantar a pele que cobre a glande (cabeça do pênis) pois esse espaço é fértil em bactérias que, se não forem bem lavadas com água e sabão, diariamente evoluem para infecções e muitas vezes graves.


Como essa região do corpo do homem é sacralizada deixa-se passar necessidades, tais como a fimose que é um crescimento dessa pele que cobre a glande que acaba prejudicando a higiene e também o ato sexual.


Ah... falando em ato sexual, sabiam que lavar bem o pênis depois da ejaculação é necessário e imprescindível? Pois depois disso os fluidos ressecam, passam despercebidos mas são facilmente atingidos por bactérias que não necessariamente são agradáveis.


Como terapeuta sexual não poderia deixar de falar desses aspectos mais íntimos e ligados a sexualidade, mas existem outros que devem ser respeitados que dizem respeito a prevenção, de cânceres no pênis, na próstata e prevenção a partir de vacinas para doenças sexualmente transmissíveis, como HPV por exemplo.


O Instituto Lado a Lado pela Vida, idealizador do Movimento Novembro Azul, criou uma campanha bem-humorada no Instagram chamada de 'Lave o Dito Cujo'.


O projeto visa conscientizar os homens brasileiros, de maneira lúdica, mas sempre com a seriedade que o assunto exige, sobre a importância da higiene diária do membro, essencial para evitar o câncer de pênis, que anualmente faz com que cerca de 1.600 homens tenham de amputar o pênis no Brasil.


Como são muitas doenças envolvendo o pênis, separamos as mais comuns nos consultórios. Vale a pena conhecer.


Fimose
É a incapacidade de expor a glande ("cabeça" do pênis) por conta do prepúcio, aquela pele que cobre o órgão. A maioria das crianças nasce com isso, sendo que 90% deixa de ter entre os 7 e 8 anos. Adultos podem vir a apresentar a fimose por conta de outras doenças, como a diabetes.


Geralmente tem como sintoma coceira, vermelhidão no local e dor durante as ereções, o que prejudica o homem nas relações sexuais.


Em crianças, a fimose pode desaparecer. Se não sair, dá para tratar de duas formas: pomadas específicas ou cirurgia (postectomia, mais conhecida como a circuncisão). Muitas crianças operam ainda pequenas. Há estudos, inclusive, que mostram que pacientes circuncidados apresentam menos chance de contrair infecções sexualmente transmissíveis. Os levantamentos, inclusive, já levaram a OMS (Organização Mundial de Saúde), em 2010, a recomendar a técnica como parte da estratégia de prevenção da Aids. "A fimose não permite que o homem faça uma higiene adequada na região por conta do excesso de pele. Isso pode levar ao desenvolvimento de câncer de pênis e facilitar também as chances de contrair uma infecções sexualmente transmissível.


Balanopostite
É a Inflamação da glande e/ou do prepúcio. Pode ser originada de diversas formas: higiene inadequada, excesso de limpeza, dermatite irritante de contato, trauma local, infecção bacteriana ou fúngica (candida albicans). Não é uma doença considerada sexualmente transmissível.


Apresenta vermelhidão, coceira e ardor na região do pênis. Também pode ocorrer pus e cheiro desagradável em alguns casos.


Como pode ter diversas causas, na maioria dos casos a mudança de hábito já é suficiente, como secar bem a região para evitar o fungo, usar cueca de algodão, evitar ficar muito tempo com sunga durante o verão e não exagerar na limpeza. Em alguns casos, há indicação de medicação.


Doença de Peyronie
É uma deformidade na curvatura normal do pênis quando ele está ereto. Em alguns casos mais graves, a curva pode chegar a 90 graus. É mais comum em homens na faixa etária de 45 a 60 anos.


Não há fatos que comprovem as causas ainda, mas os especialistas acreditam que seja originado por conta de micro-traumas na região (como uma cicatriz que fica elevada na pele —uma placa de cálcio endurecida) e, com isso, ocorre a torção do pênis.


Vale lembrar que todo homem tem o pênis com curvatura, ele nunca é 100% reto. Causando dor na região e dificuldade na relação sexual, já que dependendo do grau da curvatura pode causar dor no homem e na(o) parceira(o).


Por ser benigna, não representa nenhum risco para a saúde de seus portadores. Se a curvatura for abaixo de 30 graus e não causar desconforto no sexo, não há necessidade de cirurgia, porque uma hora a doença para de evoluir, e o pênis fica com a curvatura estável, mas não volta mais ao que era antes. Em outros casos, se a curvatura passa dos 30 graus, há cirurgias que resolvem a doença, mas só se a curvatura parar de evoluir, com seis meses, mais ou menos, de estabilidade.


Disfunção erétil
Apesar de existirem diversos tipos de disfunções sexuais, a mais comum nos consultórios é a disfunção erétil, que é quando o homem não consegue ter uma ereção durante relação sexual. É comum que, a partir dos 40 anos, os homens tenham problemas na ereção.


No Brasil, estima-se que 50% dos homens apresentem a doença após os 40 anos, algo em torno de 16 milhões de homens, segundo a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).


A disfunção pode ser dividida em orgânica e psicogênica, além de leve, moderada e grave. A orgânica pode se causada por problemas no nervo ou na vascularização do pênis; em pacientes com diabetes; homens que passaram por operação de próstata; distúrbio hormonal, entre outras. Em casos psicológicos, pode ter a ver com possíveis traumas e o tipo de relação sexual.


É uma área da medicina que tem avançado muito. Em situações graves, é indicada a prótese peniana ou injeções locais. Em homens com bloqueios psicológicos, é indicado, além do tratamento medicamentoso, o acompanhamento de especialistas (psicólogos ou psiquiatras).


HPV (papilomavírus humano)
Entre as diversas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), essa é uma das mais comuns e, extremamente frequente nos consultórios. O problema dessa enfermidade é que, na maioria dos casos, não apresenta sintomas. Os homens, inclusive, exercem um papel importante nisso, pois são transmissores do vírus, o que aumenta a chance de câncer de colo uterino das mulheres. São mais de 150 tipos de vírus, sendo os 6 e 11 responsáveis pelas verrugas e os 16 e 18 pelo câncer de colo de útero.


A maioria das infecções por HPV é assintomática. Nos homens, quando apresenta sintomas, é comum o surgimento das verrugas ("crista de galo") na região do pênis. Em alguns casos, também pode vir acompanhado de coceiras.


Usar camisinha em qualquer relação sexual, inclusive oral, entretanto, seu uso, apesar de prevenir a doença, não impede totalmente a infecção pelo HPV, pois frequentemente as lesões estão presentes em áreas não protegidas pela camisinha (vulva, região pubiana, perineal ou bolsa escrotal).


Além disso, há indicação de vacinas para meninas com idade entre 9 e 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, pelo próprio SUS (Sistema Único de Saúde). A vacina também pode ser considerada em adultos de até 30 anos, por exemplo, visto que pode proteger de possíveis subtipos do vírus.


Câncer de pênis
A doença está relacionada a falta de informação, à má higiene íntima, à infecção pelo vírus HPV e homens que não se submeteram à circuncisão. De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), o tumor representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem o homem, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste.


Os principais sintomas são feridas, tumores na glande, na pele que cobre o pênis ou no próprio "corpo" do órgão. Pode haver secreção branca e aumento anormal do tecido da cabeça do pênis. Além disso, a presença de gânglios inguinais (ínguas na virilha) pode ser sinal de progressão da doença.


Quando detectado em estágio inicial, o câncer de pênis tem alta taxa de cura. No entanto, mais da metade dos pacientes demora até um ano após as primeiras lesões para buscar um médico.


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