Caros leitores, de vez em quando preciso publicar nesse espaço alguns e-mails que recebo, pois se os recebo é porque traduz uma problemática que não atinge apenas aquela pessoa, e acho importante dividir com vocês essa reflexão.
No que diz respeito à violência dentro dos relacionamentos, sempre fica uma pergunta: como as pessoas aguentam viver na dor e na infelicidade? Pois bem, esse e-mail de uma leitora mostra bem todos os aspectos envolvidos.
Olha Márcia, estou num beco sem saída. Sou aposentada, tenho 57 anos, 2 filhas adultas que trabalham e fazem faculdade. Sou casada há 23 anos e não posso dizer que sou feliz. Ele bebe e me bate, muitas vezes pensei em ir a polícia mas na hora eu desisto, acho que é por vergonha. Agora surgiu um grande problema: minhas filhas querem que eu me separe senão vão morar sozinhas e eu não sei a quem agradar, se fico para cuidar de meu marido ou se vou atrás das minhas filhas.
Muito interessante seu raciocínio, pois diz que não sabe a quem agradar e não se coloca nesse rol de pessoas ou as filhas ou o marido. E você? O que quer para sua vida?
Sem dúvida quando se casam, as pessoas desejam que isso dure para sempre, desde que todos estejam bem. Me custa a acreditar que com medo de seu marido, suportando bebedeiras e maus tratos você tenha um mínimo de felicidade.
Vale ressaltar que suas filhas de certo modo estão fazendo escolhas. Talvez não suportem vê-la humilhada e rebaixada e sendo mulheres, é muito bom que rompam com esse modelo, senão seria fatal que elas o reproduzissem.
Agora talvez o grande desafio seja seu: escolher o que quer viver e ao fazermos escolhas, com certeza perdemos algo, pois não é possível ter tudo.
No seu caso, talvez seja a perda do sonho de uma família unida e feliz, mas já que seu marido não coopera, vale conversar com ele. Dependendo do posicionamento dele faça sua escolha, mas sempre levando em conta as suas necessidades e seu amor próprio. Pense nisso!