A inflação amarga sua viagem de férias

Marcelo Santos. Editor de Economia

Por: Marcelo Santos  -  18/11/23  -  06:29
Atualizado em 18/11/23 - 06:34
Passagens mais caras e destinos onde o real está mais valorizado estão em alta
Passagens mais caras e destinos onde o real está mais valorizado estão em alta   Foto: Imagem Ilustrativa/Pixabay

Quem comprou passagem em outubro pagou 23% mais caro, segundo o IPCA, índice oficial da inflação. Esse percentual não é anual, mas sobre setembro, o que é mais assustador ainda. A alta dos preços das viagens é um problema mundial, que os analistas atribuem não apenas aos combustíveis, mas também à demanda, tornando a vida das aéreas bem mais fácil do que na pandemia.


De qualquer forma, o melhor caminho é se planejar, buscar rotas, aqui e lá fora, menos visadas. Alguns influenciadores recomendam não comprar tão antecipadamente a passagem, mas fica o risco de achar preços bem elevados se a demanda não arrefecer. Uma saída é não arriscar e se fixar em outros componentes que pesam nos custos das férias. Aliás, muita gente passa a madrugada pesquisando preços dos voos, mas depois abusam com o cartão de crédito, expondo-se a subidas repentinas do câmbio, a gastos com supérfluos e também à própria inflação nos outros países, se o Brasil estiver fora da rota das férias.


Argentina e Turquia, respectivamente com inflação de 143% e 61% ao ano, estão na moda, porque são vistas como baratas ou com moeda defasada em relação ao real. Aliás, não se iluda com o valor nominal de uma divisa inferior à do Brasil. Por exemplo, com R$ 1 se compra 30 ienes, mas o custo de vida do Japão é dos mais caros do mundo.


Dos países mais visados, o Reino Unido tem inflação anual de 6,7%, a Austrália, de 5,4%, os EUA, de 3,7%, a Itália, de 1,78%, e o próprio Brasil, de 4,82%. Parece que está tudo parecido e não há o que se preocupar? Claro que não. O Brasil serve de exemplo, pois em um só mês as passagens subiram 23%. Imagine se nos outros países teve um aumento concentrado num só setor, justamente o essencial para o viajante em férias, como alimentação na rua ou transporte público. Ou ainda, no meio da viagem, o dólar dispara uns 20% ou 30% e estica a fatura do cartão. Será dívida para o resto do ano.


Por isso, jamais cometa a sandice de abrir mão da economia nas férias para diluir seus gastos impensados em parcelas prolongadas. O melhor caminho é marcar na agenda o período para comprar as passagens, outras datas para o câmbio (um pouco todo mês, por exemplo), e reduzir o total de destinos numa mesma viagem para economizar com aviões ou trens. Não transforme as férias dos sonhos em transtorno financeiro dos seus anos seguintes.


Fundos de ações que mais renderam

O MB FIA Instituições Financeiras, do Mercantil do Brasil, é o fundo de ações de maior rentabilidade no ano, com 40,32%, segundo o analista Marco Saravalle. Em segundo está o Organon FIC FIA, da Organon Capital, com 38,05%, e em terceiro o Guepardo FIC FIA, da Guepardo Investimentos, com 37,67%. Saravalle considerou fundos com no mínimo três anos, pelo menos 100 cotistas e patrimônio a partir de R$ 20 milhões. Alerta: rendimento passado não é garantia de ganho no futuro.


Investimento nos EUA

Brasileiros que querem investir nas bolsas americanas para manter parte de seus recursos em uma economia sólida e moeda estável se surpreendem com os preços das ações, geralmente mais elevados do que no Brasil. Por exemplo, a Nvidia está cotada em quase US$ 500, a Microsoft, US$ 370, e a Apple, US$ 187. Porém, é possível comprá-las fracionados – em porção menor que 1 ação. Basta digitar no app da corretora gringa o valor que se tem, adquirindo apenas a parte equivalente.


Atraentes, mas sem Fundo Garantidor

O Fundo Garantidor, que cobre até R$ 250 mil por CPF em caso de quebra da instituição, dá tranquilidade ao investidor de renda fixa, como CDBs. Mas muitos se seduzem por taxas mais atraentes de papéis sem essa cobertura. É o caso das debêntures (títulos emitidos por empresas), e CRIs e CRAs (certificados imobiliários ou agrícolas). Nestes casos, deve-se diversificar, sem considerar esses produtos como reserva de emergência, para evitar que um calote comprometa seu patrimônio.


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