Adeus, logística portuária velha

Calendário portuário promete se desenvolver com a construção de uma nova forma de olhar a ocupação de áreas públicas

Por: Luis Claudio Santana Montenegro  -  03/01/24  -  06:23
todos estão convictos de que o Porto de Santos pode ter duas, três vezes a sua capacidade atual
todos estão convictos de que o Porto de Santos pode ter duas, três vezes a sua capacidade atual   Foto: Alexsander Ferraz/AT/Arquivo

A ideia de que um novo ano é o momento de renovação parece se aplicar perfeitamente para a logística portuária brasileira. A perspectiva de mudanças faz com que o ano de 2024 venha cheio de expectativas de mudanças estruturais importantes para os nossos portos. Mais do que isso, tenho dito que há um verdadeiro alinhamento de astros para que essas mudanças aconteçam.


A primeira delas – e não tenho dúvidas que a principal – é a possibilidade de mudança definitiva da forma como os processos de ocupação de áreas nos portos públicos brasileiros são conduzidos. Estou convicto que este ano será marcado pelo fim do uso governamental de Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEAs) de terminais portuários para valoração de áreas cedidas para operação. Junto com essa mudança de paradigma, trago a expectativa de uma oferta geral, ampla e irrestrita de áreas portuárias para atração de investimentos.


A segunda mudança também já começa a se desenhar no horizonte. Trata-se da aplicação definitiva de conceitos e tecnologias de logística integrada para o acesso aos portos brasileiros. E o Porto de Santos pode e deve ser o pioneiro nessa inovação.


Nesse sentido, todos estão convictos de que o Porto de Santos pode ter duas, três vezes a sua capacidade atual. O nosso País merece. Mas, para que isso possa acontecer, o tratamento dado à dinâmica do seu acesso terrestre – rodoviário e ferroviário – deve concretamente mudar de paradigma. Somente a implantação de um projeto que traga organização, planejamento e coordenação dos acessos ao Porto de Santos permitirá o uso racional e pleno das capacidades já existentes e a implantação inteligente de novas infraestruturas, multiplicando sua capacidade.


Por último, mas não menos importante, percebo que chegou o momento para que os portos brasileiros sejam definitivamente entendidos pelo que realmente são, ou seja, uma atividade meio para a busca do objetivo de um comércio mais eficiente e competitivo.


Para entender esse último aspecto, é preciso primeiro enxergar os portos como condomínios colaborativos de infraestruturas e serviços. Essa visão de clusters, com ganhos de escala, são mais que essenciais, mas vitais na organização de cadeias logísticas de alto desempenho. Esse entendimento é pautado pela substituição da visão arrecadatória dada atualmente aos portos brasileiros, por uma nova visão de apropriação de custos, de compartilhamento de investimentos e de planejamento de objetivos claros e convergentes em um condomínio portuário de alta eficiência.


Essa última perspectiva de mudança deve vir acompanhada de uma nova forma de pensar o desenvolvimento industrial nacional, voltado para as exportações, com ganhos de escala que traga mais competitividade à nossa força produtiva, e que baixe definitivamente os custos para o consumidor brasileiro.


Percebe-se claramente, no debate sobre a implantação de Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs), o aquecimento de uma nova forma de enxergar o desenvolvimento nacional, apoiado por portos com alta capacidade, suficientes para suportar o desenvolvimento produtivo inserido em cadeias globais de valor.


Assim, nessa perspectiva otimista, o calendário portuário deste ano promete se desenvolver com a construção de uma nova forma de olhar a ocupação de áreas públicas e a liberdade de investimentos, com a perspectiva prática da coordenação, integração e planejamento do acesso aos nossos portos, e com a visão totalmente nova de desenvolvimento nacional, a partir de clusters portuários integrados a uma força produtiva focada no mercado internacional e na competitividade da nossa indústria.


Feliz Ano-Novo para a logística brasileira!


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