Esperança

Sou um defensor ferrenho do SUS, criado três décadas atrás para tirar do papel um dos preceitos básicos da Constituição Federal: a saúde é um direito de todos e um dever do Estado

Por: Kenny Mendes  -  10/04/20  -  11:18
Estamos ainda na fase inicial da crise da Covid-19 no Brasil
Estamos ainda na fase inicial da crise da Covid-19 no Brasil   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Estamos ainda na fase inicial da crise da Covid-19 no Brasil, mas a uma conclusão já podemos chegar: a saúde nunca mais será a mesma por aqui.


Apesar de representar perigo de maior letalidade ao grupo considerado de risco (idosos e portadores de doenças crônicas), o novo coronavírus é democrático – não faz distinção de raça, cor, credo, origem ou status social. Todos estamos suscetíveis aos riscos. A doença tampouco separa aqueles que possuem plano médico dos que precisam recorrer à rede pública de saúde. Daí a importância do nosso SUS (Sistema Único de Saúde).


Sou um defensor ferrenho do SUS, criado três décadas atrás para tirar do papel um dos preceitos básicos da Constituição Federal: a saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Os progressos trazidos pelo sistema no que se refere à qualidade de vida e ao bem-estar social o tornaram uma referência mundial, apesar de algumas desconfianças existentes no país de origem. Acredito que agora, quando sua relevância no enfrentamento ao vírus está à vista de todos, a descrença que ainda pudesse haver deve cair por terra.


Conheço de perto o funcionamento da rede pública de saúde não por ter um cargo eletivo, mas por ser um usuário do sistema. Quando me elegi vereador em Santos, em 2012, cancelei o convênio médico que possuía. É uma tese que defendo: todo homem público tem de utilizar o sistema público. Na minha opinião, ficaria estranho eu defender para a população algo que eu não uso.


Posso afirmar, inclusive, que o SUS salvou minha vida no início de 2018. Acometido de uma apendicite aguda, fui encaminhado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Central de Santos e, em razão da urgência do caso, dali levado à Santa Casa, onde passei por cirurgia. Sou eternamente grato a todos que me atenderam.


A pandemia mundial escancarou em tempo real o que nem sempre fica visível no dia a dia – o quão vital é a atividade dos profissionais de saúde para a sociedade. Se há quem mereça desfilar em carro aberto ao fim desse processo são nossos médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais trabalhadores que atuam na linha de frente do combate à Covid-19. Aliás, sou favorável desde os tempos de vereança à redução da jornada de 30 horas para a enfermagem. É preciso que a proposta vingue.


Na função de deputado estadual, destinei uma emenda emergencial de R$ 300 mil para a criação do convênio entre a Prefeitura de Santos (cidade com mais casos da doença na Baixada Santista) e um hotel, que servirá de acomodação para os profissionais de saúde.


Indiquei R$ 150 mil para a aquisição de 450 mil máscaras para os trabalhadores da saúde na região. Além disso, apresentei outros R$ 6 milhões em recursos – já liberados – para hospitais e unidades de saúde de toda a Baixada Santista.


A epidemia no Brasil fez com que os governos buscassem reforçar seus estoques de instrumentos e insumos médicos, principalmente dos importantes respiradores hospitalares. Recebo casos diários de pessoas precisando de vaga em UTI, mas que não conseguem internar o paciente por falta do aparelho.


Temos a esperança de que, passado esse momento tão difícil, não só o incremento das unidades com esses equipamentos, mas a devida revalorização das equipes que atuem na rede pública, com sistemáticos investimentos, tragam um novo e melhor patamar para nossa saúde.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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