Para o Brasil voltar a crescer o foco deve ser conter a pandemia e não discutir insanidades

Governo Federal deve concentrar suas atenções ao enfrentamento

Por: Júnior Bozzella  -  01/03/21  -  11:09
Projeto libera acesso à internet para pecuaristas, agricultores e escolas rurais
Projeto libera acesso à internet para pecuaristas, agricultores e escolas rurais   Foto: Carolina Antunes/PR

Tem sido cada vez mais estarrecedor acompanhar a guinada do governo à velha política. O conluio do presidente Jair Bolsonaro com os parlamentares do Centrão vem impregnando o país com o negacionismo diante da pandemia e passando um rolo compressor nas promessas de campanha que elegeram o presidente: combate à corrupção, liberalismo econômico, Lava Jato e fim do toma lá, da cá.


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Nos últimos dias, enquanto o Brasil batia recordes no número de mortos pela Covid-19 e vivia um dos momentos de maior tensão desde o início da pandemia, o governo federal e os seus aliados na Câmara dos Deputados, em vez de discutirem medidas para conter o avanço da doença e o número de mortes, pautavam a toque de caixa uma Proposta de Emenda à Constituição para ampliar o foro privilegiado dos parlamentares.


- Peraí. Eu entendi direito? - Deve estar se perguntando o leitor agora. A resposta é sim! É isso mesmo. Enquanto o Brasil ultrapassava a marca de 250 mil mortos o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e uma penca de parlamentares entenderam que a prioridade não era discutir junto ao governo Federal a continuidade do auxílio emergencial e nem auxílio para os Estados que estão com a sua rede de saúde em colapso. Para esse grupo o importante era tentar passar na Câmara, na calada da noite, uma PEC para blindar aqueles que cometeram crimes e que hoje ocupam as cadeiras do Congresso Nacional, para garantir que esses criminosos de paletó e gravata ou de tailleur, porque nisso estão incluídas mulheres, teriam privilégios e não precisariam prestar contas à Justiça pelos crimes que cometeram, como faz todo cidadão comum. 


A distorção de prioridades e valores é tão absurda que obrigou a mim e outros parlamentares que não compactuamos com essa proposta, que também ficou conhecida como PEC da Impunidade e PEC da Vergonha, a travarem uma verdadeira guerra dentro da Câmara dos Deputados para barrar esse despautério. Conseguimos derrubar a PEC, tiramos da pauta e encaminhamos para ser discutida em uma comissão especial. Mas nós sabemos que vencemos apenas uma batalha e não a guerra. 


O privilégio do foro beneficia muita gente poderosa que tem contas a acertar com a Justiça, mas vem usando o cargo como blindagem. Os filhos do presidente são parlamentares, pessoas que seriam diretamente beneficiadas por esta PEC. Os acordos e o jogo de interesses para levar esse disparate adiante são muitos. Mas não esmoreceremos. Se é braço de ferro que eles querem, é braço de ferro que vão ter, porque no que depender de mim a PEC da Impunidade não vai passar! 


Contudo, a nossa luta maior segue sendo a retomada urgente da discussão de pautas que interessam para a recuperação do país. Esse não é momento de canalizar energia para outra coisa que não tirar o Brasil da crise. Infelizmente o governo Bolsonaro parece ignorar os interesses da nação. Nada anda, o país patina, segue sem rumo. O presidente se afastou definitivamente do lavajatismo e claramente deixou de lado o liberalismo. A cada declaração impensada, a cada passo equivocado, o país perde mais credibilidade junto aos investidores o que dificulta ainda mais as suas chances de recuperação a curto prazo. 


É lamentável, mas o que vemos é que no governo Bolsonaro os ideais da Direita saíram de cena para darem lugar a uma espécie de autoritarismo conservador. A forma como o governo Bolsonaro lida com a pandemia só aprofunda o impacto do coronavírus na rotina dos brasileiros. O presidente precisa entender o óbvio, que não existe recuperação econômica em um país devastado pela pandemia. O governo precisa conter a Covid-19 para que as pessoas, antes mesmo de pensar em trabalhar em segurança, possam preservar as suas vidas e de seus familiares. O presidente precisa afastar a instabilidade para o Brasil voltar a ter credibilidade e a economia possa crescer. Essa tem que ser a meta! Todas as outras insanidades que o governo e os seus aliados na Câmara tentam fazer descer goela abaixo do povo, semanalmente, servem apenas para tirar o foco do desgoverno que estamos vivendo hoje no Brasil.


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