O infarto que eu não tive – e que você pode evitar

Normalmente, escrevo aqui sobre música. E música, ao contrário de muito que se diz por aí, se faz com quatro coisas

Por: Julinho Bittencourt  -  29/11/23  -  06:22
  Foto: Pixabay

Normalmente, escrevo aqui sobre música. E música, ao contrário de muito que se diz por aí, se faz com quatro coisas: harmonia, melodia, ritmo e... coração. E, abrindo uma exceção, é dele que vou falar neste artigo.


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Por pura negligência, usando como justificativa a pandemia, passei alguns anos sem pisar em um consultório médico. Passado dos 60 anos e acima do peso, procurei o amigo Marcos Caseiro, conhecido infectologista, que me indicou uma série de exames.


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Bingo. Estava lá armada a arapuca. Glicemia alta, colesterol acima do esperado e, o pior de tudo, uma estranha obstrução apontada por uma angiotomografia coronariana. Antes que eu tomasse qualquer atitude, o Dr. Caseiro me receitou três providências: exercícios diários, remédios e alimentação saudável, não exatamente nessa ordem. Ele me deixou claro que as três coisas eram fundamentais e igualmente importantes.


E assim foi feito. Três meses depois estava com dez quilos a menos e todas as taxas dentro de um limite aceitável.


Mesmo assim, conversa vai, conversa vem, e conforme o combinado, procurei um cardiologista. Me foi indicado o Dr. Rider Nogueira de Brito Filho, um renomado médico de Santos, cidade em que nasci e moro. Lá fui eu com os exames. Seu veredito foi rápido e sem hesitação: “faça um cateterismo”.


Havia acompanhado meu pai na década de 90 em um exame desses. Era uma coisa complicada, demorada e chata. Mas tinha que ser feito, então lá fui eu. Fui atendido com uma presteza enorme pela equipe da Hemodinâmica da Santa Casa de Santos. O responsável pelo meu exame foi o Dr. Lucas Suman, um jovem de 34 anos, extremamente hábil, que resolveu tudo em 15 ou 20 minutos. A Medicina realmente havia mudado, e muito, nas últimas três décadas.


O resultado apareceu logo a seguir e era o mais temido e esperado: uma obstrução de 80% na artéria descendente anterior. Dr. Rider, mais uma vez, não vacilou: “você tem que colocar um stent”. Ele ainda acrescentou que o procedimento era praticamente o mesmo que o cateterismo, com a diferença de que precisaria passar 24 horas em observação a seguir. Ao perceber minha aflição, disse: “fica calmo, pegamos a bomba antes de estourar”.


É bom deixar claro, a quem não liga muito pra essas coisas, que nunca tive sintoma algum, nenhuma dor, falta de ar, nada. Ao contrário, pedalava vários quilômetros por dia e levava (e levo ainda) uma vida absolutamente normal.


Lá fui eu de volta ao hospital. O próprio Dr. Lucas estava lá e lembrava de mim, apesar da grande quantidade de procedimentos iguais que faz por semana. Sua justificativa foi, no mínimo, engraçada: “o senhor é muito questionador”. Ao que respondi, para risos gerais, dele e da equipe, que sou jornalista.


Tudo correu da melhor maneira possível. De lá fui para a UTI dos pós-operados coronarianos da Santa Casa, onde mais uma vez fiquei comovido com a presteza e carinho de toda a equipe, enfermeiras e médico, que por coincidência havia sido colega meu no Ensino Médio. Coisa de quem vive em cidade pequena.


Este artigo, longe de ser um testemunho que se pretende pessoal, é muito mais um aviso. Por todos os setores onde passei, encontrei gente que negligenciou muito mais do que eu e chegou ao infarto. Alguns casos foram fatais, outros tiveram recuperações muito mais complicadas do que a minha. Alguns deles com idades entre 40 e 50 anos.


Noves fora, uma ida anual ao médico e outros tantos pequenos cuidados com o estilo de vida podem evitar transtornos enormes. Tanto para si próprio, quanto para os que te amam.


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