Meu perfil

Desconectar

Facebook
Instagram
Twitter
Youtube
Whatsapp

Meu perfil

Desconectar

FUNDADO EM 1894 E ONLINE DESDE 1996

Julinho Bittencourt

O dia em que gravei com Renato Teixeira

Eu era bem menino quando a canção Romaria estourou no Brasil

Julinho Bittencourt

21 de maio de 2025 às 06:38
( Renato Araújo/Agência Brasília)

( Renato Araújo/Agência Brasília)

Eu era bem menino quando a canção Romaria estourou no Brasil inteiro na voz de Elis Regina. Foi um sucesso retumbante que abriu as portas para o estrelato e a carreira do cantor e compositor Renato Teixeira.

Mal poderia imaginar que anos depois, no final da década de 1990, estaria no estúdio, gravando ao lado dele uma linda participação no meu primeiro disco, o Caiçara, mais precisamente na canção Passagem do Tempo, que tem um belo e intenso poema de Roldão Mendes Rosa.

Naqueles dias, tive o privilégio de conhecer de perto o Renato. Um sujeito luminoso, com inteligência acima da média, criativo, uma usina de ideias e, sobretudo, generoso. Aquilo que fazia por mim – cantar ao lado de um iniciante – repetia em muito com vários outros cantores e compositores, matando sua sede de vários prazeres: descobrir e incensar coisas novas, iluminar caminhos, enfim, ampliar o leque da nossa já tão rica canção popular.

De lá para cá, nos encontramos inúmeras vezes e ele é sempre o mesmo. Gentil, amigo, conversa boa. Em uma delas, era seu aniversário de 60 anos, em Brasília. Fazia um show na capital ao lado do saudoso Pena Branca, diante de uma multidão que cantava de cabo a rabo todos os seus sucessos.

Ontem, Renato completou 80 anos e as lembranças daquela noite me voltaram 20 anos depois de maneira vertiginosa. Lembro que ele era retirado do palco por vários seguranças, cercado por uma multidão que gritava seu nome. Me viu de longe e me chamou e de lá seguimos para uma longa conversa noite adentro.

Renato é autor de inúmeras canções emblemáticas. Além da clássica Romaria, que um dia o mestre Luiz Gonzaga disse a ele que era a sua Asa Branca, tem várias outras inesquecíveis. Entre elas, Amora, que ele contou ter composto originalmente para um jingle da Kibon. Segundo revelou, a canção ficou tão boa que a conhecida fábrica de sorvetes teve que esperar.

Ele é daqueles, e isso é algo notável na sua trajetória, que acredita de fato em parcerias e amizades. Fez, por exemplo, lindas canções com Almir Sater, entre elas Tocando em Frente. Ao seu lado, como fiel escudeiro, sempre está também o excelente produtor, instrumentista e compositor Natan Marques, que dá forma às suas canções e discos. Gravou álbuns e participações com Dominguinhos, Sérgio Reis, Zé Geraldo, Pena Branca e Xavantinho, Almir Sater, Xangai, entre muitos e muitos outros.

Não bastasse isso, Renato ainda criou para o mundo filhos de talento admirável: a atriz Isabel Teixeira e o também cantor e compositor Chico Teixeira.

Aos 80 anos, Renato Teixeira prossegue em sua sina de cantar pra toda a gente, espalhar seu sorriso, bom-humor e, principalmente, suas canções maravilhosas. Que o tempo permaneça assim, tão generoso com ele quanto ele tem sido conosco por muito mais tempo.

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes conforme nossa Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concorda com essas condições.