Os Beatles juntos em toda sua majestade

A versão demo da canção Now and Them, deixada por John Lennon em uma fita cassete já circula há muitos e muitos anos

Por: Julinho Bittencourt  -  08/11/23  -  06:27
Atualizado em 08/11/23 - 06:39
  Foto: Reprodução

A versão demo da canção Now and Them, deixada por John Lennon em uma fita cassete com a inscrição ‘for Paul’, já circula há muitos e muitos anos e não é novidade alguma para quem acompanha a banda inglesa The Beatles.


Nunca achei a canção grande coisa e duvidava que dali fosse sair algo bom, como foi o caso de Real Love e, sobretudo, a linda Free as a Bird, as duas lançadas na série Anthology, de 1995.


A promessa dos Beatles remanescentes, Ringo Starr e Paul McCartney, é que a canção seria lançada de maneira simbólica como a última da banda, ao lado de uma versão de Love me Do – o primeiro single do grupo, de 1962. Um ciclo que se fechava. Emoções à parte, havia a expectativa, enfim, do que poderia virar aquela demo de Lennon um tanto mal gravada e muito simples.


Cerca de 15 minutos após seu lançamento mundial, quinta-feira passada, feriado de Finados, ligo todo o equipamento em alto e bom som e já sou o ouvinte número 18 milhões e pouco a ouvir a canção. A sala então se enche do mais puro e característico modelo musical que tem me acompanhado desde a infância.


Lá estão os quatro juntos novamente e, o que é melhor, o som genial que sempre produziram, mais uma vez se repetia diante da minha mudez estupefata. A voz de Lennon, vinda direto dos anos 1970; a guitarra de George Harrison de 1995; e Ringo e Paul reunidos em 2022, conseguiram a proeza de serem os Beatles mais uma vez. A última vez.


Inteligência artificial


A inteligência artificial limpou os ruídos da demo de Lennon até seu canto se tornar claro e cristalino. O mesmo com os solos de Harrison, que havia rejeitado a demo em 95 tamanha a sujeira sonora. McCartney e Ringo fizeram o resto, ou seja, o bom trabalho de sempre.


Somado a isso tudo, foram anexadas cordas arranjadas por Giles Martin, filho do lendário produtor George Martin. No final das contas, estava tudo ali. A mágica dos Beatles revista, revisitada e recriada mais uma vez.


Ouvi uma dezena de vezes. Tudo na gravação se encaixa perfeitamente. Violões acústicos, os vocais típicos, que ora lembram Because, ora outras canções mais simples; o piano que Paul substituiu e emulou como se o lendário parceiro estivesse ali tocando.


O primeiro instrumento colocado na gravação foi o velho baixo Hofner, que McCartney mais uma vez criou suas linhas melódicas que tanto caracterizaram seu som ao longo dos anos. No final das contas, entra o que talvez seja uma das coisas mais emocionantes de toda a gravação, a levada de bateria de Ringo, com suas batidas nos tons tons, sua condução firme e única.


No fim, o amor que se recebe é o mesmo que sempre se deu. São, de fato, os Beatles juntos novamente, com toda a sua majestade.


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