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Histórias do Surfe

Santistas no Havaí – 1972

Julinho Mazzei e Nelson Baroni são sinônimos de surfe e aventuras no roteiro

Gabriel Pierin

26 de setembro de 2023 às 06:13
Julinho Mazzei e Nelson Baroni, pioneiros no Havaí: surfe e aventuras sempre no roteiro

Julinho Mazzei e Nelson Baroni, pioneiros no Havaí: surfe e aventuras sempre no roteiro ( Foto: Arquivo Pessoal )

Nelson Abreu Baroni nasceu em Santos em 25 de junho de 1955 e se formou na turma dos irmãos Cangiano e de Julinho Mazzei. Júlio Herculano Mazzei Junior nasceu em 22 de março de 1956, na distante Araraquara. Filho de Júlio Mazzei, famoso preparador físico de grandes clubes do Brasil, Julinho viu sua vida mudar quando o pai foi contratado pelo Santos Futebol Clube de Pelé, em 1965.

Aqui, ele conheceu o surfe e, por influência das revistas importadas, descobriu o Havaí. Era nos seus novos ídolos Jeff Hakman, Larry Bertlemann, Greg Noll e Gerry Lopes que Julinho buscava inspiração para desafios ainda maiores em sua vida. O sonho de viver as ondas grandes do North Shore virou realidade quando o pai fez uma surpresa para toda a família. A trip icônica para os Estados Unidos incluiu também Nelson Baroni. Júlio Mazzei foi à casa do amigo do filho convencer o seo Baroni, pai de Nelson, a confiar o filho aos seus cuidados. Foram todos da família Mazzei: o pai, Júlio, a mãe, Maria Helena, e a irmã, Marjorie.

A viagem turística envolvia outros lugares como Nova Iorque, Flórida, Los Angeles, além do Havaí. Uma aventura total em terras norte-americanas. A ansiedade havia tomado conta de todos. Noites sem dormir imaginando os lugares distantes e cobiçados. Tudo o que eles conheciam era por meio de filmes e revistas. Não havia nenhum amigo para testemunhar suas vivências pelo arquipélago havaiano. O voo partiu de São Paulo, em julho de 1972, com escala no Peru, Panamá e Los Angeles. A mãe e a irmã de Julinho ficaram curtindo a cidade californiana, enquanto os homens partiram para a aventura nas terras da polinésia. Eles pousaram em Honolulu e ficaram na ilha de Oahu por uma semana. No primeiro dia, conheceram as praias de Ala Moana e Waikiki, e no dia seguinte à chegada, alugaram um jipe e foram para North Shore. Em Haleiwa, pararam na loja da Town & Country e compraram duas mini models assinadas pelo famoso shaper Dick Brewer. Nesse mesmo dia, subiram a Kamehameha Highway até atingir Sunset. A praia quase vazia, com ondas de 8 pés. A onda quebra longe e eles aproveitaram a corrente do canal. Dois havaianos passaram por eles e falaram qualquer coisa incompreensível. Em águas estranhas, eles foram tomados pela desconfiança.

As ondas pareciam ainda maiores de perto e aumentavam a cada instante. Baroni tomou a dianteira, tentou uma, duas, três vezes, até que conseguiu pegar sua primeira onda. Julinho ficou de olho e viu o amigo engolido e a prancha dar umas piruetas no ar até ser levada pela força da água. Só espuma e nada do Baroni. Daqui a pouco, o amigo apareceu entre uma e outra onda da série. Julinho remou em seu socorro e dividiram a única prancha. Eles miraram o canal e ficaram ali, parados. Só os dois com uma prancha, sendo levados pela correnteza.

Depois de um bom tempo, o som de helicóptero surgiu primeiro, para depois a aeronave aparecer orbitando sobre eles. A cestinha de salvamento desceu, o vento espalhando a água. O primeiro a subir foi Baroni. Julinho conseguiu sair, pegando uma das ondas que o levaria até a areia.

Na praia, apareceu um salva-vidas todo equipado. O herói revelou que estava atento e sabia que se tratava de estrangeiros. Baroni reapareceu são e salvo e a prancha foi achada e devolvida.

Depois do susto, eles seguiram a viagem pra Makaha. Ondas boas, grandes, mas sem terror. O pai, Júlio Mazzei, filmou toda a viagem, inclusive a ação de salvamento. O documento virou símbolo de coragem e pioneirismo dos surfistas, os primeiros santistas no Havaí.

Na chegada a Santos, a galera recepcionou os amigos. Julinho Mazzei compilou todos os rolos de filme Super 8. Ele ainda editou utilizando grandes nomes da música como The Guess Who, Doobie Brothers, Mody Blues, King Crimson.

A galera foi à loucura e pedia para passar repetidamente o filme nas casas. Era a premiere do surfe santista.

Acompanhe nossas publicações nas redes sociais @museudosurfesantos. Coordenador de pesquisas históricas do Surfe @diniziozzi - o Pardhal.

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