Planejamento portuário e estatística de cargas

Antaq divulga os dados do setor aquaviário e busca entender o que está por trás dos números

Por: Flávia Takafashi  -  24/02/23  -  06:23
Movimentação em hidrovias também chamou atenção no levantamento da Antaq
Movimentação em hidrovias também chamou atenção no levantamento da Antaq   Foto: DH-SP/Divulgação

A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) divulga mensalmente os dados do setor aquaviário nacional e, em fevereiro, não foi diferente, com a oficialização do Desempenho Aquaviário de 2022. No último dia 8, mostramos as estatísticas da movimentação de cargas dos portos e terminais portuários e as análises do comportamento das rotas de navegação que visitam a costa brasileira, além de uma leitura das tendências de comportamento do setor e a apresentação de uma estimativa de movimentação para o ano que se inicia.


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Em 2022, houve a movimentação de 1,209 bilhão de toneladas de mercadorias pelos portos brasileiros, movimento 0,4% menor em comparação a 2021. Com a queda puxada pelo primeiro semestre, que foram 3,4% menores em relação ao mesmo período do ano anterior, 2022 foi marcado por um aumento de 93,6% da movimentação de milho e quedas de 11% da soja e de 3,5% da movimentação de contêineres.


Em dólares, 79% das cargas exportadas pelos portos brasileiros - como minério de ferro, soja, petróleo e derivados, milho, ferro, aço e carnes - representaram 55% da balança comercial, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Na importação, 47% das cargas que recebemos pelos rios e mares representam os mesmos 55% da balança comercial em dólares, com os adubos e fertilizantes, petróleo e derivados, plásticos, eletrônicos, veículos e maquinários.


Falando em principais cargas, movimentamos 361 milhões de toneladas de minério de ferro, sendo que 51% desse montante foi escoado pelos portos e terminais do Sudeste, demonstrando também um escoamento da Hidrovia Paraguai. Em relação à soja, carga que tem como principais destinos de exportação países como China, Singapura e Espanha, foram movimentadas 98 milhões de toneladas, sendo 37% foram escoadas pelo Sudeste, 24% pelo Sul, 20% pelo Nordeste e 19% pelo Norte.


O milho, destaque do ano com um aumento significativo de movimentação, teve sua exportação aumentada em 111% e um incremento de 84% de sua movimentação pelos rios e hidrovias do país. Em relação ao petróleo, derivados e gás de petróleo, carga de importante movimentação em nossos portos, os dados de 2022 mostram um incremento de 10% na exportação de derivados de petróleo, redução de 53% na importação de gás e diminuição de 5% na importação do petróleo bruto.


Já os contêineres, perfil de carga que congrega as mercadorias de alto valor agregado, teve sua cabotagem (movimentação entre portos brasileiros) reduzida em 1,8% e os volumes de longo curso (importação e exportação) praticamente estáveis; sendo que os principais contêineres importados vieram da China, Estados Unidos e Argentina, enquanto que os mais importantes destino das nossas exportações foram China, Singapura e Estados Unidos. Esses são apenas alguns destaques dos números que publicamos. Mas o que as estatísticas dizem sobre o planejamento portuário e infraestrutura do setor?


No Desempenho Aquaviário, a Antaq divulga os dados e busca entender o que está por trás dos números. Sem entrar no mérito da tendência global econômica (que é um olhar sempre importante para o setor aquaviário, mas claramente fora da nossa esfera de alcance), é fácil identificar como o comportamento da carga e da infraestrutura instalada impulsiona ou trava o escoamento da produção de commodities. Ou, ainda, permite uma movimentação mais ou menos eficiente das mercadorias que passam pelos portos brasileiros.


O aumento da quantidade de terminais portuários autorizados na Região Norte nos últimos anos, conjugado com a crescente de movimentação da carga pelas suas vias de navegação, mostra um olhar claro da logística integrada da carga que tem subido o país. O aumento de 11% da movimentação de celulose na Região Hidrográfica Atlântico Sul é decorrência natural do aumento dos terminais dedicados a essa carga na região. O incremento de 62% na movimentação de minério de ferro na Hidrovia do Paraguai, mostra o potencial hidrográfico dessa importante rota de navegação.


Os dados estatísticos publicados pela agência são ao mesmo tempo a consolidação de um planejamento portuário e o retroalimentador dos movimentos futuros. Se falar de infraestrutura é sempre olhar para o longo prazo, os dados do desempenho aquaviário nacional traduzem de forma tangível as políticas públicas desenvolvidas no passado e lançam um olhar sobre aquelas que são necessárias para planejar o crescimento sustentável de toda a cadeia logística. Estudar seus números, suas tendências e seus mercados é ter em mãos as ferramentas para pôr em prática os instrumentos de planejamento tão importantes para o desenvolvimento do setor aquaviário nacional.


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