Hidrogênio verde, a nova aposta mundial no Brasil

Flávia Takafashi é diretora da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq)

Por: Flávia Takafashi  -  30/06/23  -  06:28
  Foto: Ilustração: Max

Impulsionado pela abundância de fontes de energia renovável e pela localização estratégica de seus portos, o Brasil desponta como um país com potencial para se tornar um importante produtor e exportador de hidrogênio verde (H2V). Este combustível limpo e renovável tem se mostrado de extrema relevância para o setor marítimo portuário por oferecer uma alternativa sustentável e promissora para a redução das emissões de carbono.


O hidrogênio verde é produzido a partir de fontes de energia renováveis, como a solar e a eólica, por meio do processo de eletrólise da água, uma alternativa viável para substituir a utilização de combustíveis fósseis por uma opção mais limpa e sustentável. A Região Nordeste do País concentra uma grande movimentação em torno desse combustível. O Ceará é o estado com o maior número de projetos já anunciados, seguido por Bahia, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte.


Diante do panorama da crise climática mundial e das dificuldades energéticas na Europa, a corrida pelo desenvolvimento e produção do novo combustível ganhou senso de urgência. Em um movimento de concorrência global, a demanda por hidrogênio verde tem aumentado significativamente. Nações como Estados Unidos, Rússia, China, França, Alemanha e Japão estão investindo no uso e desenvolvimento do H2V como parte de sua estratégia energética e ambiental.


O Brasil também avança no desenvolvimento dessa indústria promissora. Na vanguarda da economia do hidrogênio verde, a Alemanha vê no Brasil um potencial supridor estratégico do combustível e tem realizado volumosos investimentos no mercado nacional. Da mesma forma, a União Europeia tem realizado investimentos no País. O bloco quer construir um mercado transatlântico de hidrogênio limpo e deve passar a importar 10 milhões de toneladas de hidrogênio renovável todos os anos. Tomando proveito de potencialidades, como a abundância de energia elétrica limpa, o Brasil pode se transformar em um grande fornecedor global de hidrogênio verde. O País deixaria de ser um mero exportador de commodities e usaria o H2V para agregar valor a produtos industriais.


Dentre os principais empreendimentos em andamento no País, destaco as plantas de hidrogênio verde em Pecém (CE), Suape (PE) e Porto do Açu (RJ). A primeira molécula de H2V no Brasil foi produzida em Pecém, onde projeto-piloto Pecém H2V recebeu investimentos de R$ 42 milhões e tem capacidade de produção de 250 Nm3/h do gás.


Em Pernambuco, o Complexo Industrial Portuário de Suape lançou o TecHub H2V, uma iniciativa voltada para a pesquisa, desenvolvimento e inovação na produção e gestão de hidrogênio verde. No Porto de Açu, também está em desenvolvimento uma planta-piloto de H2V. A unidade servirá como um laboratório de pesquisa com capacidade inicial de 10MW e potencial de expansão para até 100MW, devendo começar a operar em 2025.


Mas, apesar da onda de investimentos, ainda é necessário o aprimoramento da regulação para garantir um ambiente propício ao crescimento e consolidação desse mercado. Se a produção de H2V tem chegado cada vez mais próximo da realidade portuária brasileira, nada mais adequado do que a regulação passar a olhar com atenção para esse mercado e buscar oferecer as condições adequadas para a expansão desse mercado promissor para o país.


Ainda há desafios a serem superados, mas o Brasil está no caminho certo para se tornar uma potência na produção e exportação de hidrogênio verde.


Tudo sobre:
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter