
(FreePik)
A transição energética é uma realidade na navegação e impactará a infraestrutura portuária. Os portos precisam estar cientes e prepararem suas infraestruturas para isso. O chamado readiness portuário não é nada óbvio... como preparar infraestruturas para acolher navios que ainda não conhecemos? Há tendências sobre novos combustíveis e algumas adaptações sendo testadas. Apenas tendências. Como é o que temos, precisamos acompanhar o desenrolar dessa transformação energética da navegação.
A transição energética tem potencial para ser também uma nova oportunidade de negócio para os portos: seja por uma possibilidade de nova função portuária de locus de produção de novas energias; seja pela oportunidade de comercialização de uma nova commodity para uma Europa ávida por combustíveis limpos. Alguns portos já estão bem atentos e têm se mobilizado internacionalmente.
A transição energética é consequência da mudança climática, mas sugiro considerarmos a mudança climática como um outro ponto da agenda na medida em que impacta e direciona os portos de outra forma.
Sobre a mudança climática, os portos precisam se adaptar ao mundo atual marcado por eventos climáticos extremos mais frequentes e intensos. Em termos práticos, os projetos infraestruturais e planejamentos operacionais devem considerar novos riscos climáticos, como elevação do nível do mar, tempestades, vendavais, inundações, dentre outros. Ao mesmo tempo, espera-se que identifiquem e mitiguem seus impactos ambientais, começando pela elaboração de um inventário de gases de efeito estufa e avançando em ações concretas a partir dele.
A sustentabilidade é um tema mais amplo, que envolve a transição energética e a mudança climática e vai além: é um princípio de conduta e um valor a ser atrelado à cultura da gestão do dia a dia do porto. Em última instância, gosto de pensar que é uma nova roupagem da relação cidade e porto, pensada em termos mais amplos e mais bem articulada, pois inclui a noção de responsabilidade.
Reponsabilidade ambiental, já há muito conhecida por meio das condicionantes das licenças ambientais, aparece atualizada com maior ênfase nos oceanos e incluindo a economia azul ou economia do mar. Responsabilidade social que expande uma visão restrita de relação cidade e porto limitada a iniciativas pontuais para outra de reposicionamento do porto como um negócio de impacto positivo que contribui para o desenvolvimento local. Responsabilidade corporativa que amplia o escopo da governança dos shareholders para os stakeholders incluindo transparência, equidade e accountability. Chegamos aos temas ASG ou ESG - ambiental, social e governança!
Não, sustentabilidade e ESG não são a mesma coisa. Os temas ESG são critérios específicos que nos permitem avaliar o desempenho e comportamento de um negócio nas áreas ambiental, econômica e social. Logo, um arcabouço que permite visualizar como o negócio portuário gerencia seus riscos e oportunidades nos temas da sustentabilidade. Dito de outra forma, só faz ESG quem tem o propósito de sustentabilidade incorporado a missão e valores do negócio.