Flavia Maya: Somos 17%. E agora?

Levantamento de dados sobre equidade de gênero no setor aquaviário é um alerta

Por: Flavia Maya  -  04/04/23  -  06:41
Atualizado em 04/04/23 - 10:32
  Foto: Ilustração: Max

A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) divulgou no último dia 21 o resultado do primeiro levantamento de dados sobre equidade de gênero no setor aquaviário. A pesquisa foi a ação inicial decorrente de um protocolo de intenções assinado entre a autarquia e a Women's International Shipping and Trading Association (Wista Brazil), lançando luz sobre a participação feminina no setor aquaviário. Os dados estão disponíveis no site da Antaq, mas adianto o principal resultado: nós, mulheres, somos 17%.


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O percentual acompanha a média mundial, mas não podemos demonstrar muito alívio. E não podemos nos resignar com respostas prontas e suposições que não refletem as particularidades de cada atividade, região e empresa. As inequidades de gênero são reflexo de uma sociedade que ainda privilegia a figura masculina em diversos ambientes. Quando falamos em operação de uma empilhadeira, temos facilidade de imaginar um homem nessa posição. E o mesmo acontece quando nos referimos a um cargo de CEO.


É importante, portanto, que essas inequidades sejam reconhecidas e solucionadas, em benefício da sociedade, mas, também, da própria empresa. De acordo com o estudo Diversity Matters, da Consultoria MacKinsey & Co., empresas que adotam uma cultura de diversidade têm ao menos 60% mais chances de adotar melhores práticas de negócios e de inovar. Além disso, de acordo com o mesmo estudo, há uma vinculação clara entre diversidade e performance financeira. Empresas que possuem diversidade de gênero na liderança têm 93% de probabilidade de superar financeiramente seus pares na indústria.


É evidente, portanto, que é preciso adotar diversidade e inclusão nas empresas. Mas como começar? Inicialmente, é fundamental conhecer a realidade da sua empresa. E, para isso, uma pesquisa anônima de clima e cultura pode ser a forma mais adequada para se ter um retrato fiel dos aspectos quantitativos e qualitativos da diversidade e inclusão em um ambiente corporativo.


A partir desse retrato, a liderança poderá traçar estratégias que de fato impactarão no clima da corporação. É importante ter em mente que não há uma solução padrão para todas as empresas, pois ações efetivas voltadas para diversidade e inclusão devem, necessariamente, passar por uma mudança de cultura. E mudança de cultura é um processo gradual, que deve ser necessariamente guiado pela liderança.


Mas uma diretriz comum a todas as empresas é: agir com coragem. É preciso garantir a representatividade, combater microagressões, liderar pelo exemplo e promover o senso de pertencimento. Adotar a diversidade e a inclusão no ambiente corporativo é uma responsabilidade das empresas, não apenas por sua função social, mas também pelo compromisso com seus colaboradores.


A boa notícia é que essa transformação também gera melhores práticas de negócio, mais inovação e melhores resultados financeiros. Temos todas as razões para promover a equidade de gênero no nosso setor. Mas a realidade é que, hoje, somos 17%. E esse percentual não se transformará radicalmente de um dia para o outro, mas é preciso haver um ponto inicial de mudança. E talvez o primeiro passo de todos seja se perguntar: e agora?


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