Fernanda Lopes: Chicletaria de hits
Chega o Carnaval, a não ser que esteja em uma ilha deserta, vai se ver cantarolando músicas, nem que seja na cabeça
Você pode ser mais do rock ou da MPB. Curtir um pop ou um pagode das antigas. Mas chega o Carnaval, a não ser que esteja em uma ilha deserta, vai se ver cantarolando, nem que seja dentro da sua cabeça, as músicas-chiclete feitas exatamente com a intenção de grudarem em você.
Esta semana acordei e fui dormir com aquela música Lapada Dela na minha cabeça. Não houve nada que fizesse efeito e tirasse da ponta da língua a letra “Me apaixonei por uma menina/Que tem um metro e sessenta/E uma tatuagem do seu ex/E ela é do tipo que acaba uma família...”
Eu fiz de um tudo. Ouvi várias outras músicas. Fui até dar um mergulho rápido no mar para ver se afogava as palavras que não queriam me deixar. Fui dormir e acordei parecendo livre do refrão. Ufa! Mas bastou um gatilho qualquer e o monstro acordou e voltou a ser pano de fundo para meus pensamentos. Dividi a questão com as minhas irmãs, que se limitaram a dizer: “Essa música é legal, gruda mesmo”. Fazer o quê? Resolvi desistir e me entregar. Coloquei a música para tocar bem alto com fones e saí cantando pela casa. Fiquei mais uns dias com ela me acompanhando até que foi trocada por outra. Mas vira e mexe a Lapada Dela volta a me fazer companhia.
Outra que fica batucando na mente é o hit de Ludmilla com a Ivete. Duas gênias das músicas-chiclete que se uniram para enfeitiçar o Brasil todo. E Macetando está na boca do povo. Como a música mesmo diz “Hypadas, Danadas/Elas chegando na cena são todas poderosas...” . E sabe que música voltou com tudo? Um sucesso estrondoso dos anos 1980, quando ainda tínhamos os festivais de música. A canção Escrito Nas Estrelas, da icônica Tetê Espíndola. Agora, ela viralizou na regravação da cantora Lauana Prado.
Outra que deve ‘macetar’ na nossa mente é Posturado e Calmo, do rei dos hits carnavalescos do momento, Léo Santana. O ano passado foi todo dele com Zona de Perigo. E como a Praça Castro Alves é do povo, o que sai da Bahia pega fogo no Brasil todo. Outra parceria de Ludmilla, e com outra poderosa, é Dia de Fluxo, com Ana Castela. É uma mistura de funk com sertanejo, que só o Brasil sabe fazer, assim como o Carnaval.
No Rio, os sambas-enredo fazem sucesso, mas o funk também impera. PocPoc, de Pedro Sampaio, deve dominar praias e blocos, assim como Love Love, que já tomou conta do TikTok.
Aliás, é na rede social que a gente vai deslizando os dedinhos pelos vídeos e caindo nas armadilhas grudentas da chicletaria de hits. A última que me fisgou foi Flashback, da pagodeira Marvvila com Léo Santana. Gosto de um bom pagodinho, então me entreguei ao inevitável e deixei a semana embalada pelo refrão “É, vai rolar mais uma vez/Flashback com meu ex/Você vai gostar/Gamar/Pedir mais uma vez...”
