Fretes marítimos em queda

Expectativa do setor é de equilíbrio maior entre oferta e demanda

Por: Eliane Octaviano  -  29/08/23  -  08:30
No auge da paralisação das economias durante a proliferação do vírus, os custos de frete por contêiner chegaram a ultrapassar US$ 16 mil, com gargalos nas cadeias logísticas, fechamento de portos e escassez de espaço nos navios
No auge da paralisação das economias durante a proliferação do vírus, os custos de frete por contêiner chegaram a ultrapassar US$ 16 mil, com gargalos nas cadeias logísticas, fechamento de portos e escassez de espaço nos navios   Foto: Divulgação/Portonave

Os valores do frete marítimo apresentam neste ano uma significativa redução em relação a 2022. Depois de um período de aumentos expressivos de preços durante a pandemia, o mercado de frete marítimo começou a voltar ao normal a partir de meados do ano passado.


No auge da paralisação das economias durante a proliferação do vírus, os custos de frete por contêiner chegaram a ultrapassar US$ 16 mil, com gargalos nas cadeias logísticas, fechamento de portos e escassez de espaço nos navios. Em julho de 2022, o custo médio ainda era de US$ 6,5 mil.


Embora os desafios do mercado tenham diminuído e o valor do frete venha se estabilizando em torno de US$ 3 mil, especialistas apontam que no segundo semestre de 2024 ainda é possível que o setor prossiga com valores acima dos praticados pré-pandemia. De acordo com especialistas, no próximo ano, estima-se que o frete oscilará entre US$ 3 mil a US$ 5 mil. Essa queda representa uma mudança no patamar dos valores, após quase dois anos de restrições mais elevadas devido à pandemia.


A expectativa do setor a partir deste trimestre é de um equilíbrio maior entre a oferta e a demanda. Mas ainda há alguns fatores complexos que podem afetar a estabilidade do setor. Inobstante os avanços significativos, os preços dos fretes marítimos são muito dinâmicos.


O momento é considerado de incertezas no âmbito global e alguns fatores podem impactar o setor e a previsão de um equilíbrio maior entre a oferta e a demanda, como o conflito da Ucrânia com a Rússia, a situação econômica nos Estados Unidos, a sobretaxa de combustível, os congestionamentos e os adicionais de porto.


O aumento do preço do barril do petróleo devido à queda de produção dos integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), anunciado no início de abril, é um outro fator preocupante, pois a commodity representa 30% do custo do transporte marítimo. Considerando que o custo do petróleo impacta de modo significativo o preço do frete, armadores têm implementado medidas e investindo em ESG, combustível verde e energias alternativas.


A necessidade de investimentos dos armadores em renovação de navios e combustíveis mais sustentáveis até 2030 também pressiona os preços. As emissões do transporte marítimo representam cerca de 2% dos lançamentos totais, segundo a Organização Marítima Internacional (IMO).


A União Europeia está criando regulações para estimular empresas a investirem nessa área, o que pode elevar os custos repassados para os clientes. Os cinco maiores armadores atualmente representam 70% das cargas movimentadas mundialmente, o que facilita o repasse dos preços. Apesar dos desafios, especialistas afirmam que podemos esperar um mercado mais equilibrado em 2024.


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