Um colchão que protege o País

Até os anos 1990, o Brasil rapidamente queimava suas reservas e tinha que recorrer a empréstimos externos

Por: ATribuna.com.br  -  27/10/22  -  06:03
As reservas internacionais do Banco Central encolheram este mês
As reservas internacionais do Banco Central encolheram este mês   Foto: Pixabay

As reservas internacionais, uma espécie de colchão em moedas e títulos estrangeiros mantido pelo Banco Central para socorrer o Brasil nas crises, encolheu neste mês US$ 12,1 bilhões, fechando em setembro em US$ 327,6 bilhões, abaixo do recorde de junho de 2019, de US$ 388,1 bilhões. Esse saldo continua elevado e ainda não se configura como um problema que fragiliza o País, uma situação que era muito comum entre os anos 1970 e 1990.


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Era uma época em que o Brasil não conseguia atingir saldos bilionários da balança comercial (exportações menos importações) e atrair investimentos ao setor produtivo para ter recursos em moeda estrangeira para cobrir compromissos com importações ou pagamento da dívida externa.


Procurado pelo jornal Valor, o Banco Central explicou que a queda das reservas está associada à valorização do dólar frente a outras moedas fortes, como euro, iene e libra. De qualquer forma, espera-se que essa conta permaneça robusta para a tranquilidade do País a fim de evitar apuros tal como a Argentina sofre hoje, sem uma retaguarda suficiente em dólares.


Segundo o BC, a instituição vendeu apenas US$ 2 bilhões das reservas neste ano, atribuindo a queda de US$ 12,1 bilhões à valorização do dólar. O estoque de US$ 327,6 bilhões fica investido no exterior em títulos do Tesouro americano e da zona do euro, no iene (moeda japonesa), em divisas da Austrália e Canadá (também chamadas dólar), em ouro e em depósitos no Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco de Compensações Internacionais (BIS). Como as moedas estão desvalorizadas perante o dólar, há essa variação no cálculo do saldo das reservas brasileiras. Além disso, quando os juros sobem, os papéis do Tesouro perdem valor porque os investidores vão buscar os títulos novos com taxas mais atraentes.


É o que já aconteceu com o Brasil e está acontecendo agora com os americanos. Muitos economistas criticam reservas volumosas, pois elas geralmente estão compostas de ativos de menor rentabilidade na comparação a outras opções, mas a função delas é dar segurança. O que se tem visto é que é melhor pecar pelo excesso do que seguir os lucros na ponta do lápis. No Brasil, até por sua economia instável e pelo risco muito maior em relação aos mercados de outros países relevantes, crises políticas ou financeiras internas ou externas tendem a aumentar a busca pelo dólar para se retirar capitais daqui. Para evitar que o câmbio dispare, o BC utiliza as reservas para impedir que as cotações abalem a economia como um todo. O colchão em ativos externos é importante por esse efeito.


Até os anos 1990, o Brasil rapidamente queimava suas reservas e tinha que recorrer a empréstimos externos, sujeitando-se a políticas duras para garantir aos credores que teria recursos para pagar juros bilionários. Essa etapa foi superada e se espera que as novas gerações reconheçam o grande avanço que se conquistou.


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