Para balanço

Estado e prefeituras poderiam compor programas próprios de renda e levá-los à União, que teria mais dinheiro para vacinas

Por: Da Redação  -  12/03/21  -  09:16

Quando o 15 de março do ano passado chegou, o Brasil tinha 121 casos confirmados de covid-19, e o coronavírus não havia sido diagnosticado na Baixada Santista. Naquela altura, havia 37 suspeitas investigadas na região. Não se sabia, mas a primeira morte pela moléstia no País tinha ocorrido três dias antes. Fazia apenas quatro que a doença fora considerada pandêmica pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Escolas suspendiam aulas, idosos eram liberados das missas, o Governo abria crédito de R$ 5 bilhões para enfrentar a crise por vir. O presidente Jair Bolsonaro estava em isolamento, mesmo após teste negativo, por ter mantido contato pessoal com um ministro doente.


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Ao amanhecer o próximo 15 de março, na segunda-feira que vem, mais de 11 milhões de brasileiros terão sido infectados pelo coronavírus e acima de 270 mil terão morrido por causa de seus efeitos. É um número próximo ao da população das quatro menores cidades da Baixada (Itanhaém, Peruíbe, Bertioga e Mongaguá, em ordem decrescente), que somam 294 mil pessoas. Nesse dia, começarão a valer as mais duras restrições anunciadas até agora pelo governador João Doria para a contenção da covid-19. Chega-se a implorar que sejam respeitadas, ainda que, por razões tão variadas quanto as cepas do vírus, cidadãos demonstrem menos receio da morte do que há um ano.


Soa ridículo imaginar que brasileiros tenham sido especialmente inoculados pelo germe da bravura, ativado em episódios de confronto com um inimigo invisível, a ponto de desdenhar da situação. Tudo o que se vê no País redunda de desleixo generalizado, de alto a baixo.


É desnecessário tratar do presidente da República, autor de barbaridades ao falar e agir perante este desastre sanitário. Mas há muito a dizer do Congresso Nacional, que almeja tomar para si o controle das rédeas da pandemia; dos governos estaduais, nem todos firmes o suficiente diante da necessidade de medidas restritivas; das prefeituras, parte delas muito disposta a descumprir preceitos de saúde muito antes de níveis adequados de imunização; dos cidadãos que podem se isolar ou evitar aglomerações e não o fazem, tal qual aconteceu nestes 12 meses, no começo dos quais a doença mal passava de ameaça e, agora, faz São Paulo e região voltarem à estaca zero.


Sobre o Congresso, não precisaria ter levado uma semana para definir as bases da futura rodada de auxílio emergencial, em valores inferiores aos de 2020 e carcomidos pela alta geral de preços. Sem dinheiro, mesmo que pouco, não há como convencer pessoas a deixar de procurá-lo para salvar vidas.
Estado e prefeituras também poderiam compor programas de renda temporária a trabalhadores (sobretudo desempregados) e empresas, com receita própria e que não concorressem com as do Governo Federal. Nada impede que um desses entes, de preferência estaduais, leve a Brasília boa vontade. Talvez sobrasse verba para vacinas, agora que Bolsonaro diz defendê-las.


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