O roteiro do PIB para 2022

Fica ainda a possibilidade do Congresso votar uma reforma tributária com efeito já no próximo ano

Por: Redação  -  29/07/21  -  09:07
  Foto: BEHROUZ MEHRI/AFP

O Fundo Monetário Internacional (FMI) se alinhou com as análises das instituições financeiras privadas do Brasil e do próprio Governo Federal e agora prevê que o País vai crescer 5,3% neste ano – ao invés da projeção anterior de 3,7%. Em meio à tensão política e uma persistente covid-19, ainda que a vacinação comece a atingir uma cobertura mais ampla, a aposta em um Produto Interno Bruto (PIB) mais acelerado já estava no radar dos economistas há alguns meses. Portanto, os olhares agora devem mirar as perspectivas para 2022, um ano eleitoral e, portanto, de potencial abalo nos planos dos investidores e dos consumidores conforme o desempenho dos candidatos nas pesquisas. Entretanto, há questões puramente econômicas que podem dificultar o avanço do PIB brasileiro em 2022, talvez até o que tenha feito o FMI piorar a previsão para o próximo ano – o Fundo antes esperava uma expansão de 2,6% e agora acha que será de apenas 1,9%.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


A valorização das commodities – produtos agrícolas e minerais que dominam a pauta de exportações brasileiras – ajudou a melhorar a previsão para o PIB de 2021. Além disso, o quadro fiscal não se deteriorou como se esperava. A arrecadação cresceu e o endividamento público não explodiu. Temia-se que a relação dívida/PIB ficaria perto ou até superaria os 100%, mas é possível que se acomode na casa dos 80%. Além disso, o Tesouro está conseguindo negociar seus títulos sem dificuldades e assim a máquina federal continua gastando mais do que arrecada sem traumas.


Porém, não há clima de festa, ainda mais porque não se deve imaginar que as perdas impostas pela pandemia vão desaparecer como um passe de mágica. Além disso, há dificuldades se configurando e se entrelaçando. As principais são inflação, subida dos juros básicos, risco de crise hídrica e a variante Delta desacelerando a retomada nas economias mais ricas. Existe ainda as temperaturas baixas com possível impacto pontual nos preços de hortifrútis, cana-de-açúcar e café. Ou mesmo a contínua valorização do petróleo que, segundo o colunista Celso Ming, até o fim do ano pode saltar dos atuais US$ 70 para US$ 100. No lado da indústria, os atrasos que a falta de chips impõe no setor automobilístico afeta uma cadeia extensa de fornecedores e prestadores de serviços.


Entretanto, também há expectativas positivas e a maior delas é que a vacinação deve levar à retomada do consumo entre setembro e outubro e a um aquecimento do turismo e comércio no fim do ano. Nestes setores, como são serviços, seria um empurrão na oferta de empregos para a baixa renda.


Por outro lado, fica ainda a possibilidade de se votar uma reforma tributária com efeito já no próximo ano. Os interesses se chocam e o lobby é intenso em Brasília, o que pode corroer as propostas que estão em negociação. Mas se algo for aprovado, ainda que de forma tímida, é possível que já seja um grande estímulo para 2022.


Tudo sobre:
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter