O novo normal do clima

O calor extremo exige um novo normal sobre a frequência de locais fechados ou de pouca ventilação ou mesmo com exposição

Por: ATribuna.com.br  -  20/11/23  -  06:26
  Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Questão até pouco tempo restrita ao campo do conforto, o calorão fez a refrigeração e a hidratação se tornarem condições indispensáveis para a frequência de transporte público, unidades públicas, casas noturnas, shows, ambientes abertos muito frequentados e locais de trabalho. O caso da estudante Ana Clara Benevides, que morreu pouco antes da apresentação da cantora Taylor Swift, na sexta-feira, no Rio de Janeiro, está em investigação para saber se o óbito foi provocado pelo calor extremo ou estrutura inadequada para receber público a altas temperaturas. De qualquer forma, ficou bem evidente que deixar milhares de fãs sob o sol escaldante e sem água de fácil acesso se tornou inadmissível. Basta ainda relembrar a situação da mãe, também no Rio de Janeiro, que quebrou a janela de um ônibus, cujo ar-condicionado parou de funcionar, causando mal-estar ao filho dela.


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Também se deve observar o apuro que muitos passageiros da Baixada Santista do sistema intermunicipal têm passado nas últimas semanas devido à falta de ar-condicionado, conforme A Tribuna mostrou na edição de sábado. “Já vi uma moça desmaiar”, contou uma entrevistada sobre a linha 918, que liga a Ilha Caraguatá, em Cubatão, à Ponta da Praia, em Santos. Procurada, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), companhia estadual que fiscaliza e regulamenta o serviço metropolitano, disse estar em constantes tratativas para ampliar o número de veículos com ar-condicionado. Entretanto, o clima do Litoral não é tórrido de agora e esse benefício já era para ter sido oferecido há tempos. Até quando a população terá que esperar por melhorias?


Assim como a covid-19 trouxe comportamentos mais cuidadosos, o calor extremo, que pode até arrefecer após o fim do El Niño, exige que as autoridades adotem um novo normal sobre a frequência de locais fechados ou de pouca ventilação ou mesmo de áreas com exposição ao sol. Já os médicos particulares e as unidades públicas de saúde precisam ampliar os alertas sobre a importância da hidratação e o risco de enfrentar altas temperaturas, principalmente em situações de trabalho. Já há normas regulamentadoras (NR), que tratam de condições ambientais ideais nas empresas, mas a conscientização também exerce um papel importante para evitar descuidos ou abusos.


O clima tórrido, que é um fenômeno global associado ao El Niño e, segundo cientistas, piorado pelas mudanças climáticas, trouxe mudanças bruscas de impacto profundo na saúde da população. Por exemplo, as regiões temperadas do mundo tiveram um verão dos trópicos, com calor acima de 40 graus, temporais e incêndios. No Brasil, a construção e o uso de equipamentos de ventilação terão que ser revistos. Por enquanto, medidas comuns, como cuidar da ventilação e garantir o acesso à água são soluções simples, mas salvadoras para o público mais vulnerável.


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