Nuvens sobre a economia

O FMI acha que os emergentes vão desacelerar, o que é um problema para o comércio mundial

Por: Da Redação  -  29/01/21  -  09:16

Alerta do Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta para uma retomada mais difícil neste ano, com possíveis reviravoltas no mercado financeiro e entraves nos emergentes. Para o FMI, esses países devem crescer menos por atrasos na vacinação, o que se encaixa perfeitamente na situação brasileira. Ontem, por exemplo, o Instituto Butantan cobrou do Ministério da Saúde que encomende 54 milhões de doses da CoronaVac e o governo retrucou que pelo contrato pode responder apenas em maio. Assim, está clara a despreocupação em acelerar logo a imunização para que a economia possa avançar sem isolamento social.


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Como reação contra o efeito da pandemia, os governos injetaram US$ 8 trilhões nos mercados, quase seis vezes o Produto interno Bruto (PIB) brasileiro. No Brasil, auxílio emergencial, crédito para pequenas empresas e medidas como redução simultânea de jornada e salário e suspensão de contratos de trabalho, levaram ao deficit de quase R$ 800 bilhões no ano passado, anulando a economia prevista com a reforma previdenciária para uma década.


Há algumas semanas, analistas começaram a afirmar que os emergentes podem ter um moderado boom de commodities. Uma subida das cotações de minérios e alimentos, que lideram as exportações brasileiras, não levaria ao mesmo patamar no Governo Lula, mas seria bem positiva considerando os tempos atuais. Por outro lado, manteria elevado saldo comercial e contínuo ingresso de dólares no Brasil, reduzindo a pressão no câmbio. Entretanto, o FMI acha que os emergentes vão desacelerar, o que é um problema para o comércio mundial - sem a China, estima-se os emergentes são responsáveis por 40% do crescimento mundial.


Já as injeções de recursos pelos governos geram um excesso de liquidez que barateia o crédito e irriga as bolsas, o que explica a rápida recuperação da maioria delas. Nos EUA, parte da versão americana do auxílio emergencial, de US$ 600 (R$ 3.258) foi investido em ações, sustentando, por exemplo, valorizações exorbitantes das big techs (Apple, Amazon, Google e Facebook). Entretanto, o FMI e outras instituições já alertavam para que a retirada dos estímulos governamentais fosse bem coordenada para não abalar os mercados, tanto o financeiro como o da atividade produtiva.


No Brasil, o governo fez aportes importantes na economia, mas com as contas já abaladas, sem promover muito esforço para melhorar a austeridade com salários e outras despesas públicas. Agora, para piorar, retardou o processo de vacinação e dá poucos sinais de que se esforçar para imunizar a população. A própria divisão de cargos para controlar a Câmara compromete a austeridade, pois esse movimento já comprometeu R$ 3 bilhões em verbas, segundo o Estadão, para garantir a votação de pautas cobradas pelo bolsonarismo. Neste caso, vacina e reformas não constam como prioridades.


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