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Editorial A Tribuna

Milei moderado, por enquanto

O libertário está muito dependente da força de Macri, um direitista, mas que é definitivamente do centro

ATribuna.com.br

28 de novembro de 2023 às 06:20
Novo governo argentino tenta evitar isolamento econômico

Novo governo argentino tenta evitar isolamento econômico ( Foto: Reprodução )

O convite do argentino Javier Milei à posse no dia 10 ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva mira o bom senso e não surpreende no todo. Reflete a preocupação do novo governo, que na sua concepção é extremista e conservador, com eventual isolamento e acena para que a Argentina continue no Mercosul e apoie o acordo com a União Europeia. Alguns analistas dizem que a Argentina tem a ganhar mais que o Brasil com o livre-comércio com a UE (os europeus almejam o setor de serviços no Brasil, diversificado e bem maior que o do vizinho, e compras governamentais bilionárias), lembrando que os hermanos precisam de moeda estrangeira para honrar compromissos externos e a própria dolarização prometida por Milei.

Até o momento não há resposta do Governo Lula e é provável que antes os assessores do brasileiro vão avaliar o status do convite dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, onde seu grupo ficará acomodado e se haverá chance para eventuais provocações ou exposições de imagens nas redes sociais. Se depender da torcida dos dois lados, vai permanece o clima de beligerância, que está por trás da popularidade (ou crítica por quem não gostou) da eleição de Milei entre os brasileiros. Os pleitos argentinos sempre geraram interesse pela proximidade, rivalidade regional e conectividade comercial, mas nunca se chegou ao ponto atual, um destaque antes conferido apenas à eleição americana. Isso ocorre porque o bolsonarismo e o governo petista se envolveram nas campanhas dos finalistas Milei e Carlos Massa, respectivamente, e a disputa refletiu nas redes sociais.

Entretanto, ao vencedor não interessa manter o rompimento do período da campanha, apesar das rusgas da eleição não terem desaparecido. Basta lembrar o caso do Governo Bolsonaro, que conviveu com o presidente Alberto Fernández sem esconder que não gostava dele ou evitando os encontros do Mercosul, mas relações diplomáticas e comercias seguiram praticamente inalteradas.

Milei tem uma desvantagem em relação a Bolsonaro, Lula e Fernández, que é uma base muito reduzida em relação à que busca para compor o governo. O libertário está muito dependente da força do ex-presidente Mauricio Macri, um direitista, próximo de Donald Trump, mas que é definitivamente do centro e do establishment. Se Milei conseguir bons resultados e atingir popularidade além dos seus apoiadores fiéis, ele deve ganhar força política para avançar com as bandeiras mais extremistas, como as relacionadas aos costumes (aborto e liberação de armas). Por enquanto, a ideia é cortar gastos e reduzir a presença do Estado na economia - altamente impopular entre os mais pobres. Nesse período, ele vai depender da aliança com Macri e do setor exportador, sem direito a aventuras e erros. Além disso, o peronismo continua poderoso e vai se aproveitar de eventuais falhas para retornar ao poder, como já aconteceu no pós-Macri.

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