Mais dificuldades para a economia

O turismo perdeu R$ 261 bilhões em faturamento e cortou 400 mil empregos, mas o drama do setor ainda não acabou

Por: Da Redação  -  13/02/21  -  10:10

As conversas entre o governo e os comandos da Câmara e do Senado para finalmente destravar a volta do auxílio emergencial coincidem com algumas notícias desapontadoras da economia. A análise é que dezembro foi um mês ruim e sinaliza que o começo desde ano continua ruim. Aliás, o último mês de 2020, foi o pior dezembro em duas décadas para os serviços. A depender de mais indicadores, cai por terra o discurso empolgado do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que a recuperação é em V, quando após um mergulho profundo, vem uma rápida retomada. Como a pandemia continua causando estragos, fica a indagação se a toada é de um W, com mais uma segunda recessão a caminho.


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Dados do varejo indicam que em dezembro as vendas caíram 6,1% na comparação com novembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já na pesquisa dos serviços, o que inclui as atividades de turismo, como hotéis, bares e restaurantes, houve estabilidade no último mês de 2020, com recuo de -0,2% também sobre novembro. Mas no acumulado do ano passado, o tombo foi de 7,8%. Esse último dado é chocante porque embute números devastadores. O turismo perdeu R$ 261 bilhões em faturamento e cortou 400 mil empregos. O drama desse ramo não acabou porque a pandemia ainda se manifesta. Só no Rio de Janeiro, o cancelamento dos desfiles e dos blocos dará um prejuízo estimado de R$ 5,5 bilhões - 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) da capital fluminense. O caso do Rio é emblemático porque lá há um fantástico número de serviços informais que sustentam a população mais pobre, da confecção de fantasias, alimentos e bebidas ao transporte dos foliões, que não estarão lá na próxima semana. Basta multiplicar isso pelas regiões onde há festas populares e blocos, que deram alguma viabilidade econômica a cidades que antes se esvaziavam no Carnaval, como Brasília e Belo Horizonte.


O que impressiona é que a única iniciativa de estímulo prevista é a volta de quatro parcelas de R$ 250 do auxilio emergencial. Aliás, o impacto será bem menor do que no ano passado, quando o total mensal era de R$ 52 bilhões. No semestre passado, instado pelo Tribunal de Contas da União, o governo adotou critérios mais rigorosos e não deve dar o valor extra a quem conseguiu emprego. De qualquer forma, o efeito no consumo será bem mais contido, lembrando que na primeira metade do semestre as famílias têm contas a pagar e represam o consumo. Por isso, o ideal seria uma segunda leva crédito ainda que modesta, porque se sabe da penúria das finanças federais. Desta vez, há ainda o peso negativo da inflação e uma provável subida dos juros. Portanto, o momento começa a ficar desfavorável para pacotes do governo, assemelhando-se ao ato de enxugar gelo. Mas o Palácio do Planalto precisa mostrar agora que não está mais perdido como nos últimos dois anos, o que pelo menos seria uma injeção de ânimo na sociedade.


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