Mais de duas décadas de dengue

Para quem acha que a dengue não assusta mais, ela continua de alto risco – em 2020, a doença causou três mortes na região

Por: Da Redação  -  09/02/21  -  09:16

Como nos últimos 23 anos pelo menos, a região registra casos de dengue – o que é lamentável, pois a doença poderia ter sido erradicada, se as condições para o criadouro do inseto transmissor tivessem sido controladas. Muitas campanhas foram feitas para conscientizar a população sobre o que deve ser feito para evitar a disseminação e é difícil acreditar que haja muita gente que não saiba o que fazer. Se houvesse uma preocupação ambiental maior e até programas de consumo consciente, talvez os resultados seriam melhores, pois saneamento, limpeza pública e ecologia estão muito ligados. De qualquer forma, mesmo que a prioridade seja, sem dúvida, o combate ao novo coronavírus, as autoridades sanitárias precisam manter as atenções também voltadas à dengue.


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Não se trata ainda de calamidade. No ano passado, foram notificadas por volta de 2,3 mil infecções por dengue na região (sem considerar Mongaguá e Peruíbe, que não divulgaram seus dados para a reportagem publicada ontem em A Tribuna), com uma alta de 7,5% sobre 2019. Mas apenas neste início de 2021, já há 60 contaminações, lembrando que muitos casos deixam de ser oficialmente contabilizados. Para quem acha que a dengue não assusta mais, a doença continua de alto risco. No ano passado, foram registradas duas mortes causadas pela infecção em Itanhaém e uma Praia Grande.


O que preocupa é que no verão, devido às chuvas, há a fase de reprodução do inseto, com a rápida disseminação entre o final da estação e o início do inverno, conforme se notou desde que a doença voltou a ser registrada na região em 1997. Sem conseguir erradicar a dengue, na prática ela se tornou endêmica, reflexo da incapacidade da sociedade controlar sua transmissão, que depende basicamente de não acumular água nos vasilhames para impedir a multiplicação do inseto transmissor.


A persistência da dengue conta com a ajuda do calor fora de época. No final dos anos 1990, os especialistas afirmavam que a doença não tinha grandes chances de disseminação em São Paulo e em outras partes do País devido às temperaturas mais baixas, mas ela se alastrou sem limites pelo Brasil.


A doença também está presente em outros continentes. Em 2014, depois de 70 anos, o Japão voltou a registrar dengue – na Ásia, porém, ela é transmitida pelo Aedes albopictus (aqui, Aedes aegypti). Em 2019, devido às altas temperaturas, o governo japonês fez pente-fino em busca do mosquito, porque acreditava que as Olimpíadas de 2020, que acabaram não sendo realizadas, atrairiam público infectado – naquele ano, 600 filipinos morreram de dengue.


A grande lição que se tem com a dengue é o risco da covid-19 se tornar endêmica (quando se manifesta numa mesma região com frequência), com a diferença que esta já conta com vacina. Mas a dengue é complexa por também transmitir outras formas graves, como a zika. Portanto, todo cuidado com a infecção é pouco.


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