Filas da vacinação

Enquanto o vírus circular com ímpeto, fica o risco de surgirem variantes, enfraquecendo a cobertura vacinal

Por: Da Redação  -  12/02/21  -  09:01

A confusão com filas em excesso, demora e desrespeito ao distanciamento na vacinação em Santos é preocupante devido ao risco de comprometer a eficiência da campanha de vacinação. A Prefeitura decidiu ontem começar a imunizar a faixa etária dos 85 aos 90 anos ao mesmo tempo em que pretendia vacinar os maiores de 90 que não foram atendidos no começo da semana pela insuficiência de doses. Além disso, dos quatro postos de drive-thru, apenas um foi disponibilizado agora.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Considerando a população numerosa de idosos em Santos, que é mais frágil e precisa ser acompanhada por parentes e cuidadores, gerando acúmulo ainda maior de pessoas, a infraestrutura deveria ter sido melhor dimensionada. Essa parcela dos santistas não pode ficar exposta ao sol ou parada muito tempo em filas.


A vacinação contra a covid-19 é a prioridade das prioridades e um dos momentos mais delicados para a prestação de serviços públicos à população das últimas décadas. A cada dia morrem mais de mil brasileiros com o novo coronavírus, sendo que na última quarta-feira a conta diária superou 1,3 mil. Portanto, a cada postergação, o custo para a sociedade é o pior possível, o que demanda um esforço concentrado por parte das autoridades municipais em apoio aos profissionais da saúde encarregados de vacinar agora os grupos mais vulneráveis ao novo coronavírus.


Devido aos impactos extremados da pandemia, até se espera que eventuais tumultos ocorram, mas impor esforço extra a faixas etárias tão longevas não pode se consumar mais. Também há uma urgência em proteger os mais velhos devido aos efeitos mais graves da doença entre eles – segundo estudos, a mortalidade após a infecção pelo vírus acima dos 90 anos chega a impressionantes 40%.


Deve-se ressaltar ainda o clima de confusão imposto por erros graves do Governo Federal. A demora para adquirir imunizantes para o País, estimulada pelo negacionismo e teorias da conspiração e por uma disputa política do Palácio do Planalto com o governador João Doria, foi um verdadeiro escândalo. Agora o Brasil está no final da fila da corrida mundial da vacina e o Ministério da Saúde está sendo cobrado por seus erros – ontem o ministro Eduardo Pazuello foi ao Senado prestar informações sobre sua condução errática frente ao novo coronavírus.


Tamanho fracasso acaba por gerar ansiedade na população, que tende a correr aos postos assim que sua faixa etária é liberada. Fica o medo das doses serem insuficientes, o que estimula filas. Se o País tivesse buscado imunizantes de forma simultânea, talvez a oferta de vacinas seria mais ampla e não precisaria ser adotado um escalonamento na aplicação tão rígido. Daqui para a frente, é muito importante vacinar em massa para impedir a disseminação da doença. Enquanto o vírus circular com ímpeto, fica também o risco dele se aprimorar com variantes, enfraquecendo a cobertura vacinal.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter