Bruno Covas

Sua morte deixa lacuna na política pela figura empática e conciliadora, mas também fará falta ao partido em 2022

Por: Maurício MartinsDa Redação  -  17/05/21  -  06:58
  Foto: Divulgação

Uma trajetória política curta, mas intensa, iniciada muito mais pela força do sobrenome conhecido, mas que soube usar para imprimir um jeito próprio de ser e governar. Disciplinado, Bruno Covas viveu seus últimos meses à frente da Prefeitura de São Paulo absorvendo muito do que foi seu slogan da campanha à reeleição do ano passado: força, foco e fé.


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Bruno foi enterrado ontem, no final da tarde, no mesmo cemitério do Paquetá onde, há exatos 20 anos, o avô foi sepultado. Avô e neto tinham personalidades diferentes. Mario Covas era explosivo, pavio curto diante das questões que lhe eram caras. Quem acompanhou sua trajetória no tempo em que comandou o Estado lembra bem do dia em que decidiu atravessar, duas vezes, o acampamento de professores grevistas, na Praça da República, para entrar e sair pelo portão da frente da Secretaria de Estado da Educação. Foi agredido e revidou com palavras: “Ninguém vai impedir um governador de entrar pela porta da frente”.


Já na fase final da doença, não poupou esforços para acompanhar de perto a entrega e o acompanhamento de obras do Estado, inclusive na Baixada Santista.


A forma como enfrentou o câncer e a obstinação pelo trabalho são os pontos em comum com o neto. Ao contrário de Mario Covas, Bruno estava longe de ser pavio curto. Nos debates de primeiro e segundo turnos nas eleições de 2020, desviou-se de ataques dos adversários e críticas à falta de políticas públicas em áreas sociais, mantendo o mesmo tom de voz e cordialidade com os demais candidatos.


Bruno Covas nunca exerceu as profissões nas quais se formou, no Largo São Francisco (Direito) e na PUC-SP (Economia). Filiado ao PSDB desde os 18 anos, foi presidente nacional da Juventude Tucana entre 2007 e 2011. Foi deputado estadual aos 26 anos, secretário de Estado de Meio Ambiente no Governo de Geraldo Alckmin e deputado federal até 2016, quando concorreu a vice na chapa do então candidato a prefeito de São Paulo João Doria. Assumiu como prefeito em 2018, quando Doria se afastou do cargo para concorrer e vencer a eleição para o Governo do Estado.


Discreto, Bruno Covas construía em torno de si um círculo próprio de apoiadores e seguidores dentro do próprio PSDB, e seria peça-chave nos destinos do partido em 2022, especialmente na disputa pelo Governo do Estado. Se se mantivesse fiel a quem o levou para a Prefeitura – João Doria –, provavelmente seguiria a tendência de apoio ao recém-filiado Rodrigo Garcia, nome forte para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. Mas sua gratidão a Geraldo Alckmin, vice do avô quando de sua morte, em 2001, poderia representar uma mudança de planos.


Além da lacuna que deixa na política pela figura empática, conciliadora e obstinada pelo trabalho, Bruno Covas também fará falta no tabuleiro do PSDB em 2022 que, além de tudo, perdeu o comando da Capital, agora nas mãos do MDB.


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