Agora, sem perda de tempo

A chamada imunização de rebanho é o fator que pode estancar uma nova onda de covid-19

Por: Da Redação  -  18/01/21  -  13:43

Com o sinal verde dado ontem pela Anvisa ao uso emergencial das vacinas CoronaVac e de Oxford, o Brasil precisa ir a campo na gigantesca e emergencial tarefa de imunizar sua população. Já se perdeu tempo demais em escaramuças políticas, desnecessárias e irresponsáveis. As consequências dessas disputas, somadas à falta de providências, são mais do que visíveis. São fatais, com 209 mil mortos.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


O caos reproduzido dia a dia nos principais centros do País já seria suficiente para uma retomada da consciência e da responsabilidade. Manaus, no Amazonas, é o espelho trágico deste despreparo voluntário. E por despreparo não se entenda apenas a inépcia oficial, mas o conhecimento de que a situação já beirava o grau de urgência, muito antes da debacle que chocou o mundo na última quinta-feira. Não bastasse o desumano processo que levou a capital amazonense ao grito de socorro, transmitido em cadeia nacional e reproduzido nos quatro continentes, o Governo Federal ainda passou pelo constrangimento de ver a negativa da Índia em fornecer milhões de doses pedidas. De nada adiantaram os apelos do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, junto ao seu colega indiano. O país asiático argumentou que não poderia autorizar o envio enquanto não iniciasse a imunização de sua população.


Diante do fracasso, admitido pelo presidente Jair Bolsonaro, restou ao Ministério da Saúde solicitar ao Instituto Butantan a entrega imediata de 6 milhões de doses da CoronaVac, a vacina produzida pela instituição em parceria com a empresa chinesa Sinovac. O imunizante, que teve resultado de eficácia em 50,4%, chegou a ser alvo de ironias do presidente em novo capítulo de sua contenda particular com o governador paulista João Doria, antecipando o a corrida presidencial de 2022.


Em que pese a urgência no processo de imunização da população brasileira, de certo mesmo só se sabe quais grupos serão prioritários nesta empreitada. É preciso, agora dar início aos procedimentos. São Paulo deu a largada, também ontem, com a primeira pessoa a receber a CoronaVac. O Ministério da Saúde pretende começar na quarta-feira. A chamada imunização de rebanho é o fator que pode estancar nova onda de covid-19, mesmo com surpresas terríveis, como a mutação do vírus.


Ao contrário de outros processos de vacinação, este contra o coronavírus não vinha merecendo a atenção devida do Planalto. Sequer uma campanha nacional foi desenvolvida nos meios de comunicação (TVs, rádios, jornais e internet) para explicar a necessidade de imunização coletiva. Se a preocupação de uns tantos dirigentes, a começar pelo Governo Federal, era a economia, sabe-se de antemão que quanto mais tarde dermos o pontapé inicial, mais estaremos postergando a normalidade das atividades sociais e profissionais. E, claro, sem um chamamento amplo e sério, corre-se o risco de um processo esvaziado, este sim, comprometedor da eficácia que tanto se deseja.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter