A terceira dose da CoronaVac

Se o mundo não vai ficar livre de vez da covid-19, que pelo menos consiga se proteger de forma cada vez mais eficiente

Por: Redação  -  30/07/21  -  06:26
 A capacidade de mutação do coronavírus, resultando em cepas que uma hora podem se revelar mais resistentes, exige estudos aprofundados
A capacidade de mutação do coronavírus, resultando em cepas que uma hora podem se revelar mais resistentes, exige estudos aprofundados   Foto: Divulgação/Prefeitura de Itanhaém

A decisão do Ministério da Saúde de estudar uma terceira dose para a CoronaVac (hoje aplicada em duas vezes) revela que o combate à covid-19 caminha para uma campanha de imunização mais prolongada do que se imagina. E é bem possível que a população tenha que retornar aos postos para esse fim no próximo ano. Essa volta, aliás, já era discutida por infectologistas e até comentada por autoridades de saúde. Deve-se entender que a doença é nova e que o desenvolvimento de imunizantes de forma tão rápida após os primeiros registros das infecções, que se supõe a partir do fim de 2019, é fruto dos avanços da ciência mundial do século 21. Entretanto, a capacidade de mutação do coronavírus, resultando em cepas que uma hora podem se revelar mais resistentes, exige estudos aprofundados.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


No caso da CoronaVac, a gestão federal fechou uma parceria com a Universidade de Oxford, que está interessada em estudar uma possível redução do efeito dos imunizantes a partir de alguns meses após a última aplicação. A pesquisadora de Oxford e responsável por esse estudo que começa em duas semanas, Sue Ann Clemens, afirmou que publicações já apontaram que a Pfizer, AstraZeneca e Janssen têm em média proteção que dura 12 meses. Em relação à CoronaVac, pesquisa preliminar chinesa indicou que o nível de anticorpos neutralizantes caiu depois de seis meses, mas que ainda não se sabe se isso está associado a alguma queda de imunidade. Por outro lado, esse mesmo trabalho indicou que uma terceira dose impulsionou novamente a produção de anticorpos.


A decisão sobre doses de reforço é estratégica porque poderia evitar uma nova onda de infecções no próximo ano, que teria impactos imagináveis na saúde da população e na economia. Ao mesmo tempo, com as dimensões continentais do País e o alto custo do Plano Nacional de Imunização (PNI), o Ministério da Saúde precisa estar baseado em conclusões científicas – e não mais em considerações políticas em detrimento da ciência.


Procurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o Instituto Butantan, responsável pela CoronaVac no Brasil, revelou que vai dar continuidade a seus estudos em Serrana (SP), cidade que foi totalmente vacinada à frente dos outros municípios paulistas para serem avaliados os efeitos do imunizante de origem chinesa. O próximo passo será justamente estudar a proteção dos vacinados após a faixa de seis a oito meses da aplicação completa.


Antes do fim do ano, portanto, os dois lados deverão contar com estudos sobre a necessidade ou não de uma terceira dose – o que pode ser adotado até para as outras vacinas, considerando entrevistas de autoridades e cientistas na imprensa internacional. Também há outros imunizantes em desenvolvimento e que talvez sejam até mais eficientes, de origem nacional ou estrangeira. Se o mundo não vai ficar livre de vez da covid-19, que pelo menos consiga se proteger de forma cada vez mais eficiente.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter