A reação do vírus

Além da perda de vidas ou sequelas, os governos terão mais custos na área da saúde e impactos na economia

Por: Da Redação  -  04/02/21  -  10:14

Pesquisadores aos poucos concluem que as cepas brasileira, britânica e sul-africana do novo coronavírus, mais infecciosas e de rápida disseminação, têm potencial para reduzir a efetividade das vacinas já em aplicação nos vários países. Essas mutações não anulam o efeito dos imunizantes, mas podem reduzir sua proteção, o que demanda mais estudos e novas campanhas de vacinação. Aliás, por se tratar de uma doença nova, ainda não se sabe se a imunidade conferida agora será duradoura ou temporária. Já as mutações trazem mais imprevisibilidade ainda para o combate à covid-19. Além da perda de vidas ou sequelas nos infectados, os governos terão mais custos na área da saúde e impactos na economia. Por mais que o setor privado pressione contra o fechamento, principalmente de estabelecimentos comerciais, o isolamento social voluntário vai manter os negócios a uma baixa rotatividade. Esse contexto vai impor desemprego, consumo anêmico e uma contínua queda de arrecadação de impostos.


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Este quadro, claro, é uma possibilidade mais pessimista, mas é preciso estar preparado para as piores condições, uma lição que se tem desde o início da pandemia, com as mais de 227 mil mortes e 14 milhões de empregos perdidos no Brasil. Pode ser que os laboratórios reajam rapidamente e que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os governos readaptem a distribuição e aplicação de vacinas. O importante é que as doses continuem sendo injetadas em massa para que a cobertura vacinal se configure a mais ampla possível. O que os cientistas dizem é que as variantes desafiam a eficácia dos imunizantes, mas não os dispensam. Ficou mais claro que a pandemia não tem data para terminar, entretanto, um combate frouxo e irresponsável, como tem sido visto no País, sinaliza o risco da covid-19 se tornar endêmica. Tal como a dengue, não é erradicada e se transforma em um perigo constante. Por isso, a necessidade de se combater o negacionismo e fantasias contra as vacinas, pois perpetuam a disseminação do vírus. Se o efeito da imunização for temporário ou pelo menos com duração de um ano, o coronavírus vai retornar sempre e, quem sabe, mais forte.


Apesar do governo ter sentido a pressão por seus erros na aquisição de vacinas e inabilidade do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de usar a capilaridade da estrutura de sua pasta para cuidar dos doentes, a falta de visão estratégica assusta. Há quase duas dezenas de imunizantes brasileiros em pesquisa, sendo um deles na Fundação Oswaldo Cruz de Minas Gerais (Fiocruz-Minas). O custo estimado é de aproximadamente R$ 400 milhões, negados pelo Ministério da Economia, que disse que seria mais prático e urgente comprar vacinas prontas. Como disseram os pesquisadores, quem não tem conhecimento depende da concessão de outros países, o que se vê exatamente agora. No final das contas, o Brasil já sente os efeitos da falta de investimento em ensino e pesquisa.


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