Os varejistas físicos e on-line realizaram pesquisas para tentar identificar a disposição dos consumidores de ir às compras nesta época do ano. Com Black Friday no próximo dia 25 e Natal e o evento extra da Copa do Mundo, a expectativa do comércio é ter um melhor resultado de vendas, até porque os dois fins de ano anteriores foram mais prejudicados pelos impactos da pandemia.
Segundo pesquisa da PiniOn a pedido da Associação Comercial de São Paulo, dois a cada cinco brasileiros vão adiantar as compras do Natal para aproveitar as ofertas da Black Friday. Esse movimento é interessante, pois produtos eletroeletrônicos (de celulares a computadores e notebooks), móveis e linha branca (geladeira e máquina de lavar), por terem preço mais caro, tendem a ser parcelados. Como o crédito está com juros mais altos, o apelo comercial de ser barato na Black Friday acaba por ter efeito de estímulo ao consumo.
A Black Friday, mais do que uma jogada de marketing para despertar a vontade de consumir pelo chamariz da vantagem (o preço baixo), neste ano se tornou fundamental para deslanchar as vendas. Para muitos setores do comércio, essas datas de fim de ano garantem a metade do faturamento do ano todo. Dessa forma, o bom desempenho neste mês e no próximo é fundamental para os varejistas entrarem em 2023, que os economistas dizem que não será dos melhores, com o caixa robusto para investir ou mesmo pagar dívidas.
Entretanto, vender não é uma tarefa fácil nos tempos atuais. A começar pelo alto endividamento – 30% das famílias têm pelo menos uma conta atrasada, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O inadimplente, por estar sem acesso ao crédito, na prática, é um consumidor a menos. Nas promessas da eleição, uma delas foi haver uma renegociação pela limpeza do nome. A iniciativa é da maior importância para levar uma população numerosa de volta às lojas, mas ainda não se sabe como isso seria costurado.
O varejo também enfrenta o desafio da tecnologia, principalmente para o segmento físico, que tem a vantagem da proximidade com a clientela e a força do contato com o produto, mas que precisa inovar sua forma de vender, aprendendo a utilizar os meios digitais que permitem conversar diretamente com o cliente, identificar os mais dispostos a gastar e o que eles procuram. As lojas digitais já estão na frente nesses quesitos e os armazéns gigantescos em que elas se instalam na Capital e no seu entorno e em Extrema, na divisa de São Paulo com Minas Gerais pela Via Fernão Dias, mostram a força econômica que adquiriram. Mas essas mesmas varejistas que lideram nacionalmente o mercado também enfrentam a concorrência dos portais de origem asiática.
Não está fácil para ninguém, entretanto a Black Friday é uma oportunidade para todos, desde que não ocorram promoções disfarçadas que nada têm de barato.