500 mil

Ainda que a pandemia em solo brasileiro terminasse hoje, o Brasil sai com a imagem duramente arranhada

Por: Redação  -  21/06/21  -  07:10
 Brasil totaliza 500 mil mortes por covid-19
Brasil totaliza 500 mil mortes por covid-19   Foto: Matheus Tagé/AT

O número parece não mais assustar, tamanho o hábito que o brasileiro adquiriu, no último ano, de acompanhar as curvas que sobem e descem no dia a dia. Do dia 12 de março de 2020 a 19 de junho deste ano, foram mais de 500 mil óbitos provocados pela covid-19, a maior tragédia sanitária brasileira, 16 vezes maior que a gripe espanhola, que devastou mais de 30 mil pessoas em um ano. Se o Brasil acompanhou extasiado a notícia de que uma mulher de 57 anos, de São Paulo, havia sido a primeira vítima fatal da covid, agora parece já não causar espanto que indivíduos mais velhos, mais novos e até crianças continuem entrando para a estatística macabra.


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A busca é pelos culpados por essa tragédia, mas é também por garantias de que o freio está sendo puxado com todas as medidas possíveis e com o conhecimento que se tem, até agora, de como o vírus se propaga, quais medidas garantem sua contenção e de que a vacina precisa avançar mais rápido. Por ora, pouco mais de 15% da população tomou as duas doses.


Se é verdadeira a afirmação de que o novo coronavírus continua fazendo vítimas no mundo todo, com quase 4 milhões de óbitos, também é fato que, no caso brasileiro, a politização da pandemia e a disputa de poder vêm prejudicando fortemente o combate. Não há hegemonia na condução das medidas sanitárias e o principal líder do país, aquele que deveria dar o norte e falar para todos os brasileiros, desde sempre negou a gravidade da doença, banalizou as mortes e desconsiderou medidas básicas de combate, como uso de máscara e distanciamento social.


Se se considerar que Jair Bolsonaro teve mais de 57 milhões de votos nas eleições de 2018, é fácil entender por que seu discurso negacionista provocou - e ainda provoca - a adesão de tantas pessoas. Bolsonaro perde a oportunidade de se transformar em um verdadeiro líder do País, legitimando sua eleição e, mais que isso, evidenciando razões suficientes para levá-lo à disputa em 2022.


A culpa maior recai sobre Jair Bolsonaro, mas parte da responsabilidade precisa ser dividida com setores da sociedade que também não tiveram paciência, previdência e resiliência suficientes para seguir as recomendações que o universo da ciência deixava claro. Nesse caldo de desequilíbrio, ideologia e falta de discurso único, o cidadão comum também tem culpa, destaque especial para aquele que contrariou as regras em benefício do entretenimento, diversão e desdém.


A conta pela morte de 500.868 pessoas ainda não foi paga, e será sentida por muitos anos ainda. Ela não está circunscrita às vítimas e suas famílias, e tudo que se deixou de produzir e realizar nesse tempo de descontrole. Tampouco está restrita aos valores em Saúde investidos no tratamento de milhares de doentes hospitais afora. Ainda que a pandemia em solo brasileiro terminasse hoje, o Brasil sai com a imagem duramente arranhada. Reverter o reflexo no espelho vai exigir energia extra de gerações, muitas, inclusive, que saem mutiladas desse capítulo da nossa História.


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