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O Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, na comparação com o período imediatamente anterior (outubro a dezembro), cresceu a um ritmo que impressionou, de 1,4%, mas que veio com jeito de que não vai durar. Com os juros altos, o comércio e a indústria já desaceleraram, e o agronegócio, que foi o motor do avanço mais forte de janeiro a março, tem sua produção concentrada em cinco meses, até maio. Os serviços também colaboraram devido ao empurrão dos recursos injetados pelo governo via programa de transferência de renda, como Bolsa Família, e o Minha Casa, Minha Vida e outras iniciativas lançadas para melhorar a popularidade do governo. Resta saber se essa estratégia terá sustentação até o fim do ano. O salto das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pareceu mais um ato de desespero por falta de receitas e temor de cortar despesas e irritar redutos eleitorais petistas.
O agronegócio enfrentou problemas climáticos no ano passado e, portanto, a base de comparação mais fraca puxou o percentual de crescimento do setor – de 10,2% sobre o primeiro trimestre de 2024 e de 12,2% em relação ao quarto trimestre. De qualquer forma, os resultados do campo são fantásticos, pois são diversificados, como na soja (13,3%), milho (11,8%), arroz (12,2%) e fumo (25,2%), nas comparações do primeiro trimestre de 2025 com 2024. Estudos apontam que as regiões produtoras têm registrado baixos índices de desemprego, como Mato Grosso e Santa Catarina, e estimulado serviços, inclusive de alta tecnologia, e indústrias de máquinas agrícolas.
Apesar da expectativa de desaceleração da economia no segundo semestre, o contexto dos juros altos está “menos ruim”, pois os economistas preveem que, com o arrefecimento da inflação, o Banco Central não deverá mais subir a taxa Selic. Ela está atualmente em 14,75% e é possível que caia em dezembro, talvez 0,25 ou 0,50 ponto percentual. Parece pouco, mas essa inversão já é suficiente para mudar o ânimo do mercado, fundamental para o fluxo de capitais e a preparação de projetos de investimentos para os próximos anos.
Mas continua sendo o grande desafio do País aprender a conviver com juros menores. A Selic tem permanecido em dois dígitos desde fevereiro de 2022, comprimindo o consumo e inflando o endividamento das famílias, das empresas e do governo.
O fim de uma era das supertaxas depende de austeridade pública, algo hoje impensável por parte de prefeituras, governos estaduais e a esfera federal, também sendo necessário cobrar que o Judiciário e o Legislativo deveriam dar suas cotas de colaboração. Nas campanhas, os políticos prometem cortar impostos e gastar pouco, mas no poder usam as despesas da máquina estatal como forma de se perpetuar em seus redutos. Dessa forma, o Brasil segue, como sempre, ineficiente e incapaz de disputar com outros países no mercado internacional.