
(Arquivo/Rogério Soares/AT)
Está marcada para hoje audiência pública que discutirá a ampliação do aterro sanitário na área conhecida como Sítio das Neves, no trecho continental de Santos. O encontro faz parte do rito previsto no processo de licenciamento ambiental, que consiste em partilhar com a sociedade as informações necessárias para a concessão, primeiro, da licença prévia e, depois, da licença de instalação e operação de um empreendimento.
O Aterro Sanitário do Sítio das Neves, operado pela Terrestre, consórcio formado para gerenciar esse espaço, recebe diariamente entre 1.400 e 1.500 toneladas de resíduos sólidos urbanos provenientes de sete dos nove municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista: Santos, Cubatão, Guarujá, Mongaguá, Praia Grande, Bertioga e São Vicente. Itanhaém envia seus resíduos para o aterro Lara, em Mauá, e Peruíbe possui um serviço próprio de disposição. Por ano, portanto, são enterradas entre 511 mil e 547 mil toneladas de resíduos no aterro do Sítio das Neves.
Não se discute a necessidade de ampliar o aterro existente até 2031, estendendo sua capacidade, visto que o limite de saturação está próximo e tudo que não se quer nem se precisa, neste momento, é reviver o cenário dos anos 90, em que a disposição final do lixo domiciliar em nada se sustentava ambientalmente - basta dizer que uma comunidade inteira se formou ao redor do antigo lixão, na Alemoa. Desde que o aterro foi criado com todas as adequações para evitar contaminação de solo e lençol freático, o quadro está equacionado.
Por outro lado, a discussão que falta ainda não foi desencadeada: é preciso reduzir a quantidade de resíduos levados para o aterro sanitário, e esse patamar só se consegue com ampliação da reciclagem - não apenas da coleta seletiva, mas do efetivo retorno dos materiais ao processo produtivo da indústria. Em Santos, por exemplo, embora haja coleta seletiva em todos os bairros uma vez por semana, parte do que é coletado acaba se transformando em rejeito para o aterro sanitário, fruto de inadequações estruturais nessa cadeia que a torna ineficiente para a verdadeira economia circular.
Ações de educação ambiental, campanhas de consumo consciente, de redução do desperdício e de destinação adequada de cada reciclável devem ser permanentes. Além disso, prefeituras precisam criar estrutura adequada para que toda a cadeia dos resíduos funcione, com apoio e infraestrutura adequada às cooperativas de trabalhadores da reciclagem, personagens imprescindíveis nesse processo e que podem colaborar na efetivação de políticas públicas adequadas.
As questões que envolvem o lixo não são exclusivas das cidades da região, que cada vez mais buscam diferenciais ambientais para mostrar ao mundo e reforçar o seu caráter. Poder exibir a fotografia de que também sabem manejar seus resíduos de forma sustentável será de muito mais excelência do que continuar enterrando o lixo que produzem.