
( Estadão Conteúdo)
A vacinação contra a gripe em toda a Baixada Santista ganha mais importância ainda com a notícia de A Tribuna de que a rede pública da região registrou muita procura por atendimento devido a sintomas gripais e problemas respiratórios. As principais infecções estão associadas ao vírus Influenza A e Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Portanto, com o diagnóstico disponibilizado e a oferta de imunizantes, não há sentido dessas doenças atingirem níveis preocupantes, como indicou o boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz.
Em Santos, o registro de pacientes com sintomas gripais e respiratórios aumentou de 4.407 atendimentos em abril para 6.102 no mês passado, uma alta de 38,9%. Apesar dessa classe de doenças ser comum, ainda mais nessa época fria do ano, a população precisa ficar atenta para sintomas graves e também com crianças, idosos e quem tem comorbidades, que podem apresentar um quadro grave ou de difícil tratamento.
Por isso, as prefeituras precisam ampliar os esforços para a população comparecer às unidades de saúde para tomar a vacina. Também é necessário manter por mais tempo as campanhas anunciadas recentemente, com postos itinerantes ou em locais de fácil acesso, como escolas e shopping centers.
Reportagens também apontam que as campanhas de imunização, não apenas na região, mas na maior parte do País, registram baixa cobertura. Os especialistas em saúde pública apontam dois motivos: os movimentos antivacina que se espalharam pelas redes sociais e a sensação exagerada de segurança desde que várias doenças passaram a registrar poucos casos devido a imunizações amplas anteriores. Além da necessidade de investir na prevenção via escola e Sistema Único de Saúde (SUS), é fundamental realizar o esforço educativo sobre a importância das vacinas e de seus efeitos benéficos.
Convencer a população deveria ser um trabalho fácil, mas tudo indica que isso se tornará um desafio crescente. Nas últimas semanas, o secretário de Saúde dos Estados Unidos, Roberto Kennedy Jr, demitiu os 17 membros do comitê consultivo sobre imunização do Centro de Prevenção de Doenças (CDC na sigla em inglês), segundo o site do jornal O Estado de S. Paulo. Kennedy é um cético em relação às vacinas, negacionista e adepto de teorias da conspiração. O CDC é um dos mais importantes órgãos de combate a doenças, cujas decisões costumam ser seguidas por muitos países. Kennedy também restringiu para maiores de 65 anos a oferta de imunizantes contra covid-19. Por isso, essas mudanças não são um problema somente americano. Isso poderá causar a disseminação de doenças infecciosas em maior ritmo pelo mundo. Basta observar o caso do sarampo, que dava sinais de que seria erradicado, mas que, por descuido dos governos dos países ricos, voltou a se espalhar globalmente na década passada. Propagar mentiras e ideias sem confirmação na saúde poderá levar a tragédias e causar muitas mortes.