Só lucra a indústria bélica

Quanto mais durar o conflito, maiores serão as feridas e com cada vez mais difícil cicatrização

Por: Sergio Pardal Freudenthal  -  20/06/22  -  07:25
  Foto: Felipe Dana/Estadão Conteúdo

A Solidariedade não se faz com armas; o que se segue é a guerra, que dilacera a Ucrânia, o comércio internacional e qualquer esperança de um mundo melhor, mais justo e pacífico. E os “defensores da democracia ocidental” continuam fomentando a continuidade da guerra, seja na piegas defesa de mercenários internacionais como se heróis fossem, mas, principalmente, no fornecimento de armas, fazendo experiências e tirando vantagens com o sangue dos outros. Enquanto os povos “bárbaros” se aniquilam, os “civilizados” lucram. A palavra de ordem dos democratas é o fim imediato dessa guerra, sem medidas de vencedores (todo mundo sabe quem está apanhando de verdade). Quanto mais tempo durar o conflito, maiores serão as feridas e com cada vez mais difícil cicatrização.


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Fora das guerras formais, inclusive as rebeliões e guerras civis, a indústria bélica ainda busca lucros sem medida. Nos EUA, por exemplo, psicopatas chacinando criancinhas e professoras aparecem toda semana. E ainda há néscios defendendo segurança armada em cada escola. Dizem que lá é a terra do bang-bang, onde o tresloucado compra arma em qualquer boteco porque é seu “direito”. Com certeza, isso vai mudar. Terão que decidir se tiram as armas das ruas ou se preferem matar-se uns aos outros.


Em nosso país também crescem os que querem armas, os que acreditam em sua própria defesa, porque desacreditam do Estado. O resultado é bem simples: perdem a arma junto com a motocicleta quando assaltados, afinal, o elemento surpresa é do bandido; ou atiram no “suspeito” que passou na janela, provavelmente preto, só porque têm medo de qualquer coisa; ou ainda miram na esposa porque acham que foram traídos, ou nas suas próprias cabeças, fazendo então melhor uso.


O sangue ucraniano (e russo também) corre pelas ruas. Os “pacifistas” ocidentais, quando deveriam estar fomentando a paz, o cessar fogo mediante as concessões necessárias, atiçam a continuidade das mortes, como se fosse possível virar a contenda com fornecimento de armas. Ao invés de estarem preocupados com a pandemia, com a necessidade de vacinas em todo o mundo, preferem engordar os lucros da indústria bélica.


Os pesadelos estadunidenses ainda vão continuar por muito tempo. Os resultados do livre direito de se armar não permitem dúvidas. Inclusive quando entre os próprios agentes da lei surgem homicidas incontroláveis. Livres de um presidente golpista, seguem divididos, com um governo vacilante que só não tem dúvidas em sua política imperialista, enchendo os cofres da indústria bélica.


Em nosso envergonhado país, altas autoridades defendem a distribuição de armas, com patranhas como “povo armado não será escravizado” e governador de Estado resolvendo partilhar dez mil armas com policiais aposentados. O crime organizado, as milícias, agradecem. O despreparo e abusos de nossas polícias, até a rodoviária, deve aumentar o rubor do nosso povo, não podemos nos conformar.


A arma na mão dá falsa coragem a quem não tem e leva a consequências insanáveis. Infelizmente, somos campeões de assassinatos, feminicídios e crimes por intolerância, além de latrocínios e brigas de trânsito. Pois na Ucrânia, nos EUA ou no Brasil, só quem lucra mesmo é a indústria bélica.


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