Perdemos Régis Savietto Frati

Homenagem ao santista Régis Savietto Frati, publicada na seção Tribuna Livre, em 17/02/2021

Por: Sergio Pardal Freudenthal  -  22/02/21  -  08:50

Em 27 de janeiro último, faleceu Régis Savietto Frati, comunista desde criancinha, filho do líder portuário Rolando Frati. Atuou em defesa dos trabalhadores e por uma sociedade mais justa sua vida inteira. Um dos grandes quadros do PCB, Partido Comunista Brasileiro, participou ativamente da luta contra a ditadura, sendo obrigado a se exilar em Moscou nas últimas violências do regime militar, e retornando ao Brasil com a Anistia em 1979.


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De uma Inteligência ímpar e com um humor sempre presente, muitas vezes bastante ácido, era um amigo fraterno em todas as horas. Enfrentou as dificuldades do arbítrio, participando da luta pela Redemocratização, assessorando o movimento sindical e atuando pela manutenção do Estado Democrático de Direito. Acompanhando notas de amigos e entidades, vale ressaltar sua coragem, capacidade de análise e ousadia, defendendo os mais necessitados e combatendo o arbítrio e a exploração.


Enfrentando um câncer, conjugado com grave cardiopatia, durante a pandemia, Régis se foi aos 68 anos de idade. Muitos artigos e emocionantes narrações sobre sua vida estão sendo publicados em boletins sindicais, jornais e nas redes sociais, mas – especialmente para este (já não tão) jovem militante – é muito importante destacar a Juventude Comunista. Atuava contra a ditadura, militando no Partidão, participando da organização que resultaria na reconstrução da UNE, na Anistia e no complexo e difícil encerramento da ditadura. Porém, entre 1974 e janeiro de 1976, a violência de uma polícia covarde e torturadora se abateu, principalmente, sobre o PCB, com a juventude representando muito da resistência que se formou.


Agora, neste ano de 2021, completamos a perda de três jovens quadros importantíssimos, amigos no combate à ditadura: José Montenegro de Lima, o Magrão, sequestrado e assassinado sob torturas em 1975, líder estudantil em sua plena juventude, presidiu a UNET, União Nacional dos Estudantes Técnicos; Jaime Rodrigues Estrella Júnior, o Cebola, dirigente do Centro dos Estudantes de Santos em 1968, foi preso e violentamente torturado em 1975, morrendo dez anos depois, vítima das sequelas da violência; e agora perdemos Régis Frati. Coloquei, no site www.pardaladvocacia.com.br, um pequeno ensaio, de minha autoria, publicado em 1987 pela Editora Forja, O Camarada Cebola, e Régis faz parte dele.


O Magrão, o Cebola e o Régis, nos princípios da década de 1970, construíam a Juventude Comunista, produzindo política para os jovens e defendendo o Partidão também nas atividades clandestinas. A violência de 1975, culminando com as mortes de Vladimir Herzog e de Manoel Fiel Filho, os atingiu. Assassinaram muitos quadros do Comitê Central do PCB, entre eles José Montenegro, torturaram violentamente militantes como o Cebola e o Régis foi obrigado a se manter no exílio.


Magrão morreu no combate, nos estertores da parte mais podre do regime, Cebola se foi quando a ditadura se findava através do Colégio Eleitoral, e perdemos Régis Frati justamente quando mais precisamos de esperanças e utopias. Novas gerações se formam e quem viveu a história, em qualquer perspectiva, deve relembrá-la para que a memória as salve da barbárie.


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