Lutar pela Democracia!

Nos tempos atuais, um general de três estrelas, na ativa, participa da campanha pela reeleição do atual presidente

Por: Sergio Pardal Freudenthal  -  24/06/21  -  06:22
  Foto: Imagem ilustrativa/Pixabay

Conta o folclore político brasileiro, que no dia seguinte à edição do famigerado AI-5, o então vice Pedro Aleixo (único a se manifestar contra), inquirido pelo ditador Costa e Silva se confiava nele, teria respondido: nele, sim, confiava, o problema seria o guarda da esquina.


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Nos tempos atuais, com a ditadura derrotada há três décadas e meia, um general de três estrelas, na ativa, contrariando frontalmente o Regulamento do Exército, participa da campanha pela reeleição do atual presidente, vai a comício e faz até o seu discursinho, e não é punido como deveria. Poderia se retirar para a reserva, ou pagar uns quinze dias de cadeia (domiciliar, que ninguém é de ferro), mas a sua absolvição derruba a hierarquia e a disciplina das Forças Armadas.


Pois no Recife, policiais militares cegam, com balas de borracha, dois transeuntes no meio de ordeira manifestação de oposição; no Balneário de Camboriú, guardas municipais agridem, sem qualquer razão, os proprietários de uma casa da noite, com as atividades devidamente encerradas na hora certa; e, no Rio de Janeiro, um policial rodoviário federal resolver prender o dono do bar em que se realizava uma homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco. Ora, se o general pode fazer o que quiser, assim vão pensar os policiais militares, os guardas municipais ou os policiais rodoviários federais.


Um dia desses, li um artigo em que um representante da “direita civilizada” alegava que intolerar o intolerante apenas daria notoriedade aos fascistas. Argumentava que as leis da Alemanha da época (República de Weimar) também não permitiam “o discurso do ódio”, e os processos sofridos pelos nazistas teriam lhes dado celebridade e conduzido ao poder.


Vergonhosa falácia tal alegação! Os nazistas chegaram ao poder exatamente pela razão inversa. Se a Alemanha, saída derrotada da Primeira Guerra Mundial, houvesse conseguido cumprir a legislação intolerante com a intolerância, a Segunda Guerra não aconteceria. Hitler foi eleito, com o beneplácito das “forças democráticas” temerosas do comunismo. E tudo que se desenrolou a partir daí – invasão de outros países, perseguição de judeus, ciganos, incapazes, comunistas e opositores em geral, campos de concentração, o Holocausto e crimes de guerra –, foi com a aceitação de boa parte de tais forças e da população alemã, produzindo uma geração envergonhada com sua própria história.


Ignorância, medo e ódio são as bandeiras do nazifascismo, ideologia do atual desgoverno. O preço que estamos pagando é a destruição do Estado e das garantias democráticas presentes na Constituição de 1988. E, com a pandemia, vamos alcançando a ultrajante marca de meio milhão de vidas de brasileiros perdidas para a política necrófila do governo federal. A obrigação de todos os democratas, de quaisquer cores ou posições ideológicas, é entrar na Luta pela Democracia, seja nas ruas, nas redes sociais e, sempre, no dia-a-dia.


Como não temos compromissos com o autoritarismo de forma alguma, não confiamos nem em generais, nem em guardas da esquina. Confiamos mesmo é na Democracia, bem espelhada na nossa Constituição Cidadã.


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