O impacto do transporte marítimo no que consumimos
Atualmente, cerca de 90% do comércio exterior brasileiro é feito pelas vias marítimas
O transporte marítimo é um termômetro para a economia mundial e um dos ícones do processo de desenvolvimento dos estados e da globalização. A economia global depende de forma bastante impactante do comércio marítimo, principalmente nos portos. No Brasil, a exportação e a importação são de suma importância para o Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Nos últimos anos, estamos enfrentando uma significativa alta nos fretes marítimos. Um dos motivos é a pandemia da covid-19. Dentre inúmeras causas, podemos citar alguns portos fechados, falta de contêineres e de navios e a própria demanda relacionada a algumas mercadorias importadas de alguns países, em especial da China, epicentro da doença. Cita-se, por exemplo, as situações nas quais os navios cargueiros tiveram que realizar viagens cada vez mais longas, e, em algumas situações, acabaram ficando parados no mar, devido à quarentena da tripulação, causando inúmeros prejuízos e onerando ainda mais esse modal de transporte.
O período em que o navio fica impossibilitado de navegar impacta diretamente no tempo de viagem de cada embarcação, afetando o valor do frete cobrado. Vários especialistas afirmam, ainda, que no Brasil a situação ainda é mais peculiar. Para o advogado e professor Larry Carvalho, o valor incide ainda mais no preço do que consumimos por conta dos impostos que o transportador marítimo paga sobre a importação no valor da carga e no frete.
Isso interfere diretamente no preço que é repassado ao contratante e, consequentemente, no valor final do produto. Ou seja, o frete é parte integrante do preço e impacta diretamente no valor daquilo que é consumido pela população em geral. Apesar das altas constatadas nos fretes marítimos, ainda tem se considerado o transporte marítimo o mais adequado, se comparado com os demais meios de transporte de cargas.
E mesmo considerando os altos custos, o transporte realizado por vias marítimas e outras vias navegáveis apresenta inúmeras vantagens econômicas e sustentáveis, dentre as quais se destacam maior eficiência, maior segurança da carga e da vida a bordo (pois é o modal que menos apresenta danos as cargas ou acidentes com vítimas), maior sustentabilidade, maior capacidade e menor preço.
O modal ainda é o mais em conta para o mercado internacional, tanto em valor quanto em logística. Além da maior parte do comércio exterior ser feito por transporte marítimo, é por ele que se tem a maior capacidade de transportar cargas. Atualmente, cerca de 90% do comércio exterior brasileiro, ou seja, importação e exportação, é feito pelas vias marítimas.
No contexto do transporte entre os portos do Brasil, a chamada navegação de cabotagem, as mesmas vantagens se apresentam, porém apenas 11% das mercadorias são levadas pelos navios. Com a implementação e regulamentação do programa de estímulo ao transporte por cabotagem, sancionado pela Lei Federal 14.301/2021 e conhecido como BR do Mar, espera-se também que o Brasil incentive a concorrência e o investimento, além da ampliação da oferta e a melhoria da qualidade do transporte por cabotagem, maior frota, menor frete e maior efetividade do transporte pelas vias marítimas e navegáveis.
