Como apertar a tecla 'salvar' depois que falamos

Para sermos compreendidos e lembrados, a informação nova que trazemos deve interagir ou ancorar-se nos conceitos que nosso público já tem

Por: Cida Coelho  -  12/11/20  -  16:42
Atualizado em 19/04/21 - 18:30
 Muitos pesquisadores alertam para a importância do início da fala
Muitos pesquisadores alertam para a importância do início da fala   Foto: Frank Vessia/Unsplash

Como podemos melhorar a relação entre o que falamos e o que nossa audiência efetivamente vai compreender e principalmente, lembrar, depois que terminarmos de falar?


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Muitos pesquisadores alertam para a importância do início da fala. Temos pouco tempo para atrair a atenção e o interesse de quem nos ouve. Por conta disso, inúmeras “receitas” de inícios de apresentações bombásticas estão disponíveis online: “conte uma história”, “conte a sua própria historia”, “apresente um vídeo”, “fique em silêncio por trinta segundos”, e por aí vai.


Reconheço a importância do início, mas não acredito em receitas prontas. Sempre acreditei, contudo, que precisamos gerar curiosidade para atrair a atenção do público e mantê-la conosco. E a maneira de iniciar a fala funciona como uma “isca” que nos ajudará a conduzir a audiência até o final.


Recentemente descobri que a maneira como iniciamos uma apresentação serve a um propósito muito maior que apenas “fisgar” a atenção do público. Conheci a teoria dos “Organizadores Prévios”, descrita por David Auzubel em 1968. O autor defende a ideia de que devemos apresentar alguns recursos introdutórios antes de entregar a informação principal. Isso se aplica a todo e qualquer aprendizado novo, sobretudo, aos aprendizados mais abstratos como o das ciências exatas, principal objeto de pesquisa desse autor.


Esses recursos introdutórios serviriam de ponte entre o que a audiência já tem e o conteúdo novo. Funcionaria como um elemento atrativo que provoca, ao mesmo tempo, interesse e desejo em aprender. E por que precisamos de elementos atrativos? Porque o cérebro humano é organizado de forma que os conhecimentos novos apenas verdadeiramente serão consolidados se forem ligados aos conceitos que já temos. Assim, alem de “fisgar” nosso público, o ajudaremos a guardar o conhecimento novo no lugar certo do seu cérebro.


O valor pedagógico original desse recurso para o ensino das disciplinas exatas, como a matemática e a física, é indiscutível. Mas, o conceito de “Organizadores Prévios” é extremamente importante e atual para qualquer situação de comunicação, na medida em que os nossos conteúdos de fala podem ser tão abstratos quanto a matemática ou a física.


Além disso, competimos pela atenção do nosso público com um sem numero de distrações. Mais do que nunca, é preciso respeitar esse conceito de preparação trazido pelo conceito dos “Organizadores Prévios” e preparar nosso público, de forma que os conceitos que ele já tem estejam disponíveis e prontos para se ligarem aos conceitos que traremos.


Naturalmente, não existe uma lista de Organizadores Prévios pronta. O histórico, o perfil de cada público é que vai determinar qual a melhor escolha. Mas, com certeza, utilizar organizadores prévios para sintonizar a plateia e prepará-la para o que você tem a dizer é essencial. Para te ajudar a encontrar o melhor organizador, seguem três perguntas para você fazer a si mesmo antes da sua próxima apresentação e acertar na preparação desse terreno:


Quem é meu público? Qual sua faixa etária, nível educacional, nível socioeconômico?


Quais informações eles já têm sobre o meu assunto?


Quais informações eu tenho que podem ser uteis a eles?


Com essas informações em mãos tenho certeza de que você encontrará um excelente “Organizador Prévio” para o seu tema!


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