Só 2º!

Com aumento da temperatura, Brasil teve níveis recordes de calor na última semana

Por: Arminda Augusto  -  22/11/23  -  08:44
Temperatura ficou dois graus acima dos níveis registrados antes da Revolução Industrial
Temperatura ficou dois graus acima dos níveis registrados antes da Revolução Industrial   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Não teve a repercussão que merecia - e precisava - a notícia de que o planeta chegou, na última sexta-feira, a uma temperatura dois graus acima dos níveis registrados antes da Revolução Industrial (1850-1900), considerado o marco a partir do qual as emissões de carbono pelas atividades humanas começam a escalar. Os dados só foram divulgados na segunda-feira pelo observatório europeu Copernicus.


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Essa temperatura foi registrada no mesmo dia em que também no Brasil os termômetros alcançaram níveis recordes, sendo considerado o mais quente do ano. Foi também o dia em que uma fã da cantora Taylor Swift morreu durante o show, por falta de água, ventilação e sensação térmica de 60º.


Fazendo todas essas comparações, é minimamente possível compreender a dimensão do que significa dizer que o mundo esquentou dois graus acima do que pretendiam os 196 países que assinaram, em 2015, o Acordo de Paris, comprometendo-se a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, aqueles que comprometem a camada de ozônio e promovem um aquecimento anormal do planeta.


Subir dois graus representa muito mais além da sensação térmica que mata pessoas durante os shows e faz com que tenhamos vontade de instalar ar-condicionado até nos banheiros. A elevação da temperatura provoca o derretimento das calotas polares, desaparecimento de ilhas e de regiões costeiras, além do aumento de eventos climáticos extremos, como tempestades e ondas de calor. Outro problema que merece atenção, e já pode ser notado atualmente, é a extinção de espécies de animais e plantas.


Relatório recente do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC) aponta que 30% das espécies do planeta correm o risco de desaparecer caso a temperatura global do planeta suba 2ºC . Pode parecer um número pequeno, mas várias espécies de plantas e especialmente os anfíbios são sensíveis a essa variação.


Embora o calor excessivo tenha dominado a pauta da imprensa nas últimas semanas e as conversas cotidianas entre as pessoas, não parece estar claro que esse fenômeno - antes mesmo do verão começar - tenha relação com as mudanças climáticas e os efeitos já bem presentes do aquecimento da terra e dos oceanos. Quando se fala em derretimento das geleiras, parece ficar a sensação de que esse não é um problema do hemisfério sul, dos países tropicais ou do Brasil, 'bonito por natureza, mas que beleza'.


Nem todos os 196 países que assinaram o Acordo de Paris durante a Conferência das Partes, a COP de 2015, estão fazendo sua lição de casa, Brasil entre eles. O presidente Lula tem feito esforços nesse sentido, anunciando diversas medidas especialmente nos setores de transporte e combustíveis. São iniciativas importantes e que podem, sim, não só recuperar quatro anos passados de inação como também transformar o Brasil em protagonista mundial no encaminhamento de soluções efetivas contra o aquecimento.


Ao cidadão comum cabe acompanhar esse tema, cobrar medidas de quem ocupa cargos nos executivos e legislativos, selecionar produtos de fabricantes que também estejam comprometidos com essa política e adotar práticas cotidianas que melhorem o ambiente urbano, especialmente relacionadas ao uso de meios de transporte, relação com o verde, produção de lixo e consumo de água.


É esse 'conjunto da obra' que pode representar um alento e uma esperança, não mais de reversão, mas de redução de danos e freio à escalada do aquecimento.


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