Levante a mão quem nunca se sentiu inseguro ao errar o itinerário pelo Waze e entrar em um bairro não-urbanizado, de ruas escuras, esburacadas, pessoas à espreita em pontos mais altos. Se alguém nunca viveu essa situação, prepare-se para sentir o frio na barriga e o medo de ser assaltado ou mesmo assassinado. E isso nada tem a ver com as pessoas pobres e vulneráveis que vivem ali, mas com a presença certa de criminosos que também se aproveitam desse cenário escuro e pouco vigiado para fazer sua morada e seu escritório. As comunidades também são reféns.
Tudo isso pra dizer que, sim, é preciso ter a presença da polícia para garantir a lei e a ordem, para combater o tráfico de drogas, para tirar a região e o Porto de Santos da rota do tráfico internacional, para proteger os civis inocentes das milícias que deles se aproveitam. Mas não é só a sucessão de operações que vai responder pela mudança de paradigmas.
No encontro de número 70 deste projeto chamado A Região em Pauta, que nasceu da necessidade de colocar sob luz alguns dos principais problemas da nossa Baixada, nenhum outro tema se faz mais premente que a segurança pública. Se de um lado há o temor de ver nossos municípios transformados em um cenário de guerra e confronto de traficantes, por outro é preciso garantir que no palco dessas batalhas pessoas inocentes não sejam mortas. Mais que isso: o crime só avança onde a presença do poder público é falha ou ausente.
Não é de hoje que episódios de violência e falta de segurança estão presentes, e agora não mais exclusivamente em temporadas de verão. Notícias sobre latrocínios, assalto a comércios, residências e invasão de imóveis estão na mídia todos os dias, e parecem já fazer parte de uma normose, em que se vê e se ouve e nada mais causa impactos.
Arminda Augusto é gerente de projetos do Grupo Tribuna