Orgulho da nossa 'selva'

Que as autoridades brasileiras reajam com vigor contra a fala infeliz do presidente argentino Alberto Fernández

Por: Arminda Augusto  -  10/06/21  -  11:03
  Exigências do governo argentino foram entregues durante reunião entre o presidente Alberto Fernández e o chefe da Conmebol, Alejandro Domínguez
Exigências do governo argentino foram entregues durante reunião entre o presidente Alberto Fernández e o chefe da Conmebol, Alejandro Domínguez   Foto: AP

Desastrosa, infeliz e preconceituosa, para dizer o mínimo, a frase do presidente da Argentina, Alberto Fernández, proferida nesta quarta-feira (9 de junho), durante encontro com o premié da Espanha, em Buenos Aires. Fernández disse, textualmente, que "os mexicanos vieram dos indígenas, os brasileiros, da selva, e nós chegamos em barcos. Barcos de onde? Da Europa".


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E daí, sr. presidente? O que a origem da civilização de um povo fala sobre dignidade, integridade, orgulho e caráter? Absolutamente nada, sr. Fernández! O presidente acreditava fazer menção a uma frase equivocadamente atribuída ao escritor mexicano Octávio Paz, Nobel de Literatura em 1990. Na verdade, a frase infeliz é parte de uma canção do compositor Litto Nebbia. Além de confundir-se sobre a origem dessa fala revestida de preconceito, o presidente da Argentina dá demonstração clara de que não aprendeu nada sobre a necessidade de empatia entre os países para a construção de uma sociedade mais humana e acolhedora.


O pedido de desculpas, feito horas depois pelo Twitter, não atenua em nada o discurso desastroso feito publicamente. É impactante e surpreendente ver a autoridade máxima de um país proferir falas tão infelizes, que não acrescentam nada à construção da sociedade que todos sonhamos. Que necessidade Alberto Fernández tinha de fazer referência aos mexicanos e brasileiros? Se fôssemos descer à raiz da nossa história, poderíamos dizer, com muito orgulho, que nossa origem é um caldo de cultura multifacetado, que envolve indígenas, negros, asiáticos e europeus também, que 'vieram de barco da Europa', o que não quer dizer que sejamos melhores ou piores que argentinos, mexicanos, chilenos ou peruanos. Assim como argentinos, temos nossas mazelas a resolver, e elas nada têm a ver com a construção da nossa sociedade.


É preciso lembrar que o episódio não é inédito: em 97, nossos jogadores já foram chamados de macacos pelo país vizinho, quando a seleção júnior do futebol argentino venceu o Brasil por 2 a 0, no Mundial Sub-20, disputado na Malásia.


Que as autoridades brasileiras reajam com vigor contra a fala infeliz, estúpida e nada diplomática do presidente argentino. Não viemos da selva, mas somos muito bons na arte da sobreviver e reagir a ofensas como essa!


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