Não é (só) um caso de polícia

A Baixada Santista também tem os seus ‘Jardim Ângela’. Para fazer dele um exemplo é preciso cada um cumprir o seu papel

Por: Arminda Augusto  -  31/10/21  -  08:55
 As notícias de polícia são as mais lidas, clicadas e assistidas em quase todos os veículos de comunicação
As notícias de polícia são as mais lidas, clicadas e assistidas em quase todos os veículos de comunicação   Foto: Helio Oliveira/TV Tribuna

Seria melhor não precisarmos mais noticiar casos de polícia, nem submeter os leitores, internautas e telespectadores a episódios como da empresária de Itanhaém, morta aos 41 anos, ou o médico de Tatuí, que passeava com a família em Guarujá e foi assassinado na frente dos filhos.


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As notícias de polícia são as mais lidas, clicadas e assistidas em quase todos os veículos de comunicação. Entre uma reportagem sobre a alta da taxa Selic e seus impactos no bolso do cidadão, e uma nota sobre explosão em caixa eletrônico, não há dúvida: a audiência maior fica com a segunda opção.


Mas para além dos ‘clicks’ que essas notícias organicamente trazem aos veículos de comunicação, todos concordam que noticiar homicídios, roubos, furtos, estupros e latrocínios expõe uma mazela social que não deixa bonita nenhuma região. Muito menos atrativa. Em se tratando de Baixada Santista, que tem no turismo um de seus mais fortes pilares econômicos, é preciso ter o sinal de alerta aceso quando pipocam sucessivos casos de violência extremada.


O Instituto Sou da Paz, que integrou o encontro virtual da última terça-feira, trouxe uma informação relevante: mais que números, é preciso analisar o perfil dos crimes, onde estão ocorrendo, quem são os protagonistas e o modo de operar. A análise desses dados ajuda na compreensão de quais papeis precisam ser desempenhados pelos entes públicos e quais papeis precisam ser assumidos pela sociedade. As polícias, em seus três níveis (civil, militar e técnico-científica) precisam sempre ser cobradas pela eficiência no policiamento, na celeridade das elucidações de casos e prisão dos criminosos, é fato. Mas não há como negar que fatores alheios às polícias facilitam a ascensão da criminalidade: áreas irregularmente ocupadas e adensadas, falta de infraestrutura pública, crescimento do tráfico, desigualdades sociais, impunidade e legislação branda e falha nos processos de ressocialização de quem passa pelo sistema penitenciário são apenas alguns dos motivos que ajudam a criar o ambiente perfeito para o crime. Somem-se a eles o desemprego e a falta de oportunidade a jovens da periferia.


A notícia boa é que, uma vez mitigados alguns desses fatores, a chance de uma comunidade com alto índice de violência reverter o quadro também é grande. Prova disso é o Jardim Ângela, na Capital, que este caderno traz como exemplo bem-sucedido de envolvimento da comunidade com resultados positivos.


A Baixada Santista tem seus bons exemplos também, como os programas Vizinhança Solidária e a atuação dos Consegs, iniciativas que precisam ser aprimoradas e ampliadas.


Entre o copo meio cheio e meio vazio, podemos escolher o primeiro e ir em busca de completar a outra metade. Basta que cada um cumpra o seu papel.


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