Secretário estadual de Turismo fala em tendência de destinos: 'Voltaram a viajar para o Litoral'

Em entrevista, Vinicius Lummertz fala das características do turismo pós pandemia, como busca por viagens mais curtas

Por: Ronaldo Abreu Vaio  -  25/07/21  -  12:53
  Foto: Reprodução/Instagram

O Turismo foi um dos setores mais afetados pela pandemia e, por sua característica, será um dos últimos a recuperar plenamente a normalidade de operações e costumes – mesmo com novidades e alterações – e a pujança que daí advém. Tendo em vista esse panorama, que no caso do Estado de São Paulo inclui números dramáticos, como a perda de 16 milhões de viagens ano passado, em relação a 2019, e a consequente derrocada de empregos, o secretário estadual da Pasta, Vinicius Lummertz, enumera medidas em curso ou que ainda serão tomadas para alavancar um turismo que, segundo ele, deve a princípio se concentrar ‘intramuros’, ou seja, destinos curtos, dentro do próprio Estado. Mas, seja qual for a diretriz, ela estará sempre de acordo com as questões sanitárias e em ressonância ao Plano SP, segundo enfatiza Lummertz.


Como será a cara do turismo estadual quando a pandemia passar?


O Estado explicitou com muita clareza, através do Plano SP, que haveria uma correlação direta entre saúde e retomada econômica – em que o Governo Federal criou uma falsa dicotomia. Foi feito um grande esforço, a economia de São Paulo não foi fechada, mas as viagens de turismo e eventos foram prejudicadas. São Paulo, que tinha 46 milhões de viagens em 2019, perdeu 16 milhões no ano passado – foram 28 milhões. Perdemos R$ 50 bilhões em relação a 2019. Houve uma derrocada no emprego: eram 50 mil postos em 2019, no ano seguinte chegamos a menos 120 mil vagas. No final de 2020, houve uma recuperação do emprego nos dois últimos meses e meio, voltaram em torno de 20 mil empregos. Mesmo com as restrições, as pessoas voltaram a viajar para o Litoral, viagens curtas. Só que, em janeiro e fevereiro deste ano, começa a cair de novo, com a segunda onda. Estamos esperando que nosso faturamento possa chegar em 2021 a R$ 75 bilhões, o que dá uma queda de 17% em relação a 2019.


Como o senhor vê o panorama da Baixada Santista nessa retomada? Por suas características, como vê a região inserida no turismo estadual?


A tendência é de proximidade, do turismo curto. De ocupação alta nos finais de semana e feriados. Em junho, a ocupação na Baixada foi maior do que na pré pandemia. Isso já está acontecendo em todo o Interior. A nossa previsão para este ano, como um todo, na retomada, é que esse turismo de proximidade deva prevalecer. Mas a chave são as vacinas. Se tivéssemos vacinado antes, teríamos essa resposta antes. Não tem neste momento apólice melhor de seguro (viagem) do que a vacina.


Existem medidas ou diretrizes que o Estado pensa em adotar justamente para fomentar esse turismo local?


Sim. Vamos voltar a divulgar as regiões, mas vamos fazer isso dentro da responsabilidade, até que nós tenhamos uma tranquilidade para explorar mais ainda o fluxo que já é natural. Programas de rotas gastronômicas, por exemplo, e os distritos turísticos, já aprovados na Assembleia. Temos uma série de programas em desenvolvimento, que já eram desejo nosso. Isso, ao lado da promoção das regiões e da promoção do Estado, que nós seguramos por conta da pandemia.


O que prevê o projeto dos distritos turísticos?


Há um decreto, dois municípios estão solicitando, a região da Serra Azul, que abriga Hopi Hari e Wet’n’Wild, e Olímpia, (complexo de parques aquáticos) são localidades com características de parques temáticos. Existem outras modalidades, cidades históricas, parques naturais. É um trabalho para fomentar âncoras do turismo, nacional e internacional, como é Cancún (no México), por exemplo.


O senhor acredita que a Baixada Santista tenha elementos para pleitear ser um distrito turístico?


É preciso que o projeto que nos seja ofertado explicite como aquela cidade, ou região, se proponha a ser um lugar de atração nacional e internacional. As cidades da Baixada já são estâncias, exceção Cubatão, que é um Município de Interesse Turístico.


O Estado tem uma dívida em relação a verbas das estâncias não repassadas. Santos, por exemplo, de 2013 a 2020, tem R$ 276 milhões a receber. Há previsão de honrar esses pagamentos?


Já tivemos um autorizo do governador para os MITs. Nos próximos dias teremos também para as estâncias, orçamento de 2021. A Baixada equivale a 33% do que, por exemplo, já foi repassado este ano, R$ 21 milhões no primeiro semestre. Só Santos já recebeu R$ 11,4 milhões. Tirando Cubatão, que é MIT, todas as cidades da Baixada são estâncias. No ano passado, repassamos R$ 223 milhões, recorde nos últimos seis anos, e as obras não pararam. Mas é importante dizer: durante o período de Márcio França (como governador, entre 2018 e 2019) foi feito um cancelamento de empenho, de 2018 até 2011. Tudo que estava escrito em orçamentos anteriores foi cancelado. Isso significa que eu tive que, em 2019, 2020 e 2021, colocar nos orçamentos dos anos novos, da nossa gestão, o que foi cancelado anteriormente. Isso é específico verba Dade.


Santos inaugurou o novo centro de convenções recentemente, um projeto anterior à pandemia. O senhor acha que esse turismo de eventos e negócios, que abraçaram as novas tecnologias durante a pandemia, vão ser retomados da mesma forma? Ou o quanto permaneceram‘no virtual’?


O futuro, nós não sabemos. Sabemos que há uma grande vontade do retorno do turismo presencial, de lazer, que já voltou, e existe também uma demanda por eventos em que as pessoas querem voltar a se encontrar. Agora, o quão afetada será a nova equação, como será o novo normal, nós não sabemos. Mas, certamente, sou otimista de que os sistemas novos e híbridos venham a surgir melhores. E o desejo das pessoas se encontrarem é muito grande. Você vai em uma feira como a Francal, por exemplo. Tocar os sapatos, calçá-los, comprar olhando, sentindo, falando com o vendedor... é igual a uma feira virtual? Não, não é.


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