Basta chegar o inverno que os amantes de vinhos começam a remexer suas adegas particulares para escolher um bom rótulo. Afinal, a estação sempre é associada a um bom vinho e, por tabela, a uma boa comida.
A menos de 140 quilômetros de Santos está uma espécie de ‘Disneylândia’ para os amantes de vinhos: trata-se de São Roque, que possui em seu território 42 estabelecimentos, entre vinícolas, adegas, restaurantes, atrativos turísticos e até meios de hospedagens, integrantes do chamado Roteiro do Vinho.
O Roteiro do Vinho surgiu em 1998, tornando-se, ao longo do tempo, um destino enoturístico e enogastronômico consolidado. O roteiro está situado em um trecho turístico formado pela Estrada do Vinho, Estrada dos Venâncios e Rodovia Quintino de Lima.
Nele, concentram-se vinícolas de grande porte, com produção em escala industrial, além das mais artesanais. Algumas delas também produzem suco de uva.
O calendário para os apaixonados por vinhos é vasto. Cada vinícola tem seu toque pessoal de como encantar os turistas, com agendas de vindimas, degustações, palestras e cursos ao longo do ano.
Para evitar aglomerações e filas aos finais de semana, o Roteiro do Vinho vem sugerindo aos turistas que as visitas ocorram entre segunda e sexta-feira. Os estabelecimentos que compõem o roteiro, como vinícolas e restaurantes, estão funcionando com 40% de sua capacidade, conforme estabelece um decreto municipal.
As vinícolas de São Roque vêm se destacando no mercado nacional ao longo dos anos, após alcançarem um excelente nível de qualidade, pois a cidade possui um clima favorável para a plantação e colheita de diversas espécies de uvas, que já resultaram em vinhos premiados internacionalmente.
Os estabelecimentos geralmente são familiares e tradicionais, ou seja, passados por gerações, seguindo sempre a vocação da região: uva, alcachofra, turismo e hospitalidade, com aquele toque acolhedor do interior e princípios herdados pelos antepassados.
A Vinícola Góes, por exemplo, produz desde 1938. Já está em sua quarta geração, sendo que a quinta já está engatinhando pelos corredores da vinícola. Já teve vários rótulos premiados, como o vinho tinto Philosophia Cabernet Franc, que conquistou um título em 2014, ficando entre os oito melhores de um importante concurso do segmento realizado em Bento Gonçalves (RS).
“Dos 54 rótulos de seu portfólio, entre vinhos, frisantes e sucos, o rótulo mais badalado e requisitado é o Tempos de Góes, de rápido consumo”, observa o jovem sommelier Giovanni Fatobene.
Há poucas semanas, a Góes inovou e lançou um vinho em lata, direcionado ao público jovem. O Sauv, como foi batizado, é ideal para ser consumido na piscina, na praia ou no campo.
Na próxima semana, dicas de hospedagem, restaurantes e cafés em São Roque
A vinícola, por si só, é um atrativo turístico, devido à sua imponente estrutura, que conta até com deque para contemplação das plantações, empório, cafeteria, salão de eventos, área ajardinada para fotos e um amplo estacionamento.
Recebe atualmente 2,5 mil turistas, em média, aos finais de semana. Antes da pandemia, o lugar recebia até 6,7 mil visitantes no mesmo período.
A uva BRS Lorena, uma casta criada pela Embrapa Uva e Vinho em 2001 a partir do cruzamento de malvasia bianca e seyval, é a aposta da Vinícola Alma Galíza para a produção de seus vinhos. Uma das características desta uva é a alta resistência a doenças fúngicas e é utilizada pela maioria das vinícolas de São Roque.
Segundo a Embrapa, ela é adequada à elaboração de vinho espumante do tipo moscatel, frisante e à produção de vinho branco de mesa aromático.
O vinho obtido desta casta apresenta coloração límpida, amarelo-palha e aroma delicado e intenso. A Alma Galiza possui um parreiral com 20 mil pés, mas, a longo prazo, ela deverá produzir até 80 mil.
Os vinhos também são utilizados na produção de uma linha de cosméticos como sabonete líquido, aromatizador e difusor, nos aromas vinho branco e tinto.