Tomar as rédeas do Turismo nas próprias mãos é algo não só possível, como exequível, seja a comunidades, bairros e aldeias indígenas, por exemplo. Essa é a ideia por trás do chamado Turismo Comunitário, modalidade que vem se impondo como uma opção de preservação cultural e, por que não?, desenvolvimento econômico a várias localidades.
“Acaba sendo uma ferramenta de desenvolvimento social. Abarca desde comunidades pesqueiras a aldeias, não necessariamente carentes, mas que tenha algo que possa demonstrar, ensinar às pessoas, aos visitantes”, explica Renato Marchesini, secretário de Turismo de São Vicente e um especialista no tema.
O chamado Turismo Comunitário surgiu no Brasil como um desdobramento do Ecoturismo, há cerca de 15 anos, quando já se preconizava a utilização da mão de obra do local visitado, especialmente para receber e guiar os visitantes. A ampliação desse conceito foi um passo natural. “Há uma ideia de que os lugares, na verdade, são as pessoas”, enfatiza Marchesini.
Na região
Se até o bairro de uma cidade pode criar e usufruir do Turismo Comunitário, uma região tão rica como a Baixada Santista deverá contar com várias opções. E, de fato, conta: há roteiros ativos e locais com potencial. Marchesini lista os passeios à Ilha Diana, em Santos, e à comunidade afro São Roque, em Bertioga, como exemplos de sucesso. E vê a Vila Light, em Cubatão, e o Vale do Quilombo, em Santos, como potenciais destinos.
“Em São Vicente, já estamos nos debruçando sobre a comunidade no Parque Xixová-Japuí, com gastronomia, artesanato; na Rua Japão, temos a presença das culturas caiçara e japonesa. E na Área Continental, Acaraú e Paratinga, que mesclam os turismos Comunitário e Rural e o Ecoturismo”.
Awa Porungawa Dju
Na divisa entre Itanhaém e Peruíbe, a aldeia Awa Porungawa Dju, dentro da Terra Indígena Piaçaguera, dos índios tupi-guarani, foi criada e planejada para receber o homem branco. Nesse processo, Marcus Vinícius de Souza Ferreira, da Ama Ecoturismo, foi peça-chave. Ele auxiliou os indígenas a organizar e implantar a aldeia, sob o olhar do Turismo. “Toda a comunidade é beneficiada. Eu ajudo a organizar e divulgar. E 95% dos indígenas se envolvem no processo”. Há apenas um item alheio a uma aldeia normal: banheiro. O restante proporciona uma imersão nos usos, costumes e sabores dos indígenas.
“Ocorre ali o resgate e o fortalecimento da cultura dos índios. Esse era um desejo deles e isso se concretiza com a divulgação de suas tradições”.
Outros Roteiros comunitários na baixada santista
Comunidade Afro São Roque e Caboclo Tupinambá -As religiões afro-brasileiras em foco na visita ao terreiro. Há café da manhã, almoço e oficinas e bate-papo sobre as culturas e tradições.Em Bertioga.
Cota 200 -Apresenta o trabalho de artistas da comunidade, em Cubatão. Inclui café da manhã, almoço e oficinas.
Ilha Diana -Um passeio pelo dia a dia da ilha, cujas 55 famílias ainda vivem da pesca artesanal e coleta de mariscos. Inclui café da manhã, almoço e passeio de barco aos manguezais. Em Santos.
Caruara -Na Área Continental santista, um passeio pelo bairro, com curiosidades e histórias. Inclui café da manhã, almoço e oficia de artesanato.
Horta Bons Frutos -Criada em 2014, a horta é uma realização dos moradores do Jardim São Manoel e do Caminho da União. Inclui, café e bolo, oficina de cultivo e/ou colheita.
Para mais informações sobre turismo comunitário,Caiçara Expedições (3466-6905) e Ama Ecoturismo (99718-1872)