Pelas ruas da Filadélfia

A cidade do amor fraterno e de Rocky Balboa

Por: Maurício Nunes  -  07/05/20  -  00:04
  Foto: Arquivo Pessoal/Maurício Nunes

A poucas horas de Manhattan, Nova York, fica um destino da liberdade e do amor fraternal, que vale apena entrar na sua wish list de viagem pós-pandemia. Filadélfia, a antiga capital dos Estados Unidos, é a cidade mais populosa do estado norte-americano da Pensilvânia.

O nome dela vem do grego e significa amor fraterno, fazendo jus à sua população extremamente gentil e prestativa.

Philly ou City of Brotherly Love (Cidade do Amor Fraternal), como também é conhecida, já inspirou Elton John, duetos entre Mark Knopfler e James Taylor e deu a Bruce Springsteen um Oscar de melhor canção, do qual poeticamente utilizamos no título desta matéria. 

Muitos filmes de Hollywood, entre eles o futurístico 12 Macacos, o premiado Filadélfia e até os impactantes Guerra Z e Sexto Sentido, tiveram suas histórias ocorridas na cidade. Mas nenhum outro representou (e ainda continua) tanto a cidade quanto a saga do lutador Rocky Balboa, embaixador de Philly.

Turistas do mundo inteiro embarcam para a cidade para conhecer de perto as locações do vencedor do Oscar de 1976 e até hoje uma das maiores franquias do cinema mundial.

É possível visitar o pequeno apartamento de tijolos que serviu de locação para a humilde residência do jovem boxeador vivido por Sylvester Stallone, como também visitar a fachada do icônico Mighty Mick, que nunca foi de fato um ginásio, já que as cenas internas foram filmadas em estúdios de Los Angeles.

A história de Rocky é tão marcante que até em Laurel HillCemetery, fundado em 1836 e designado um marco histórico nacional, dentre seus mais de 30 mil túmulos e mausoléus, incluiu duas lápides em homenagem aos célebres falecidos Adrian e seu irmão Paulie, respectivamente esposa e cunhado do personagem Rocky Balboa.

A homenagem não para por aí, já que o restaurante Adrian's é, na verdade, a cantina Victor Café, inaugurada na década de 1930 e que se mantém dedicada à ópera, tendo como clientes os saudosos Luciano Pavarotti e Mario Lanza. É possível ainda encontrar adereços do filme de Stallone, incluindo um famoso quadro dele lutando com Apollo Creed.

Escadaria Icônica


Na icônica escadaria da entrada do Museu de Arte da Filadélfia, turistas do mundo todo costumam imitar a famosa escalada de Rocky, na eterna metáfora para um oprimido, onde qualquer homem com um enfrenta o desafio. A estátua de três metros, feita toda em bronze, em homenagem ao lutador, foi utilizada nas filmagens de Rocky III e doada à cidade por Stallone, tornando-se um dos pontos turísticos mais concorridos de Philly.

Para se ter ideia da importância, todo ano, em novembro, há a Rocky Run, uma meia maratona dedicada ao ícone da Filadélfia. 
Mas a cidade, claro, vai muito além da ficção e da cultura pop, pois o que não faltam são atividades culturais, gastronômicas e históricas. O próprio Museu de Arte, há quase um século administra coleções que incluem mais de 240 mil objetos de arte, entre quadros, gravuras, esculturas, pinturas, fotografias, armaduras e artes decorativas.

O museu também administra vários anexos, incluindo o Museu Rodin. Inaugurado em 1929, o local abriga uma coleção de quase 150 objetos do escultor francês. 
A Fundação Barnes, outro importante museu, guarda uma das maiores e mais requintadas coleções de arte privada que incluem artistas renomados como Picasso, Matisse, Renoir e muitos outros. 

Mais antiga das Américas 


Já a Academia de Ciências Naturais da Universidade Drexel, antigo museu de artes naturais da cidade, é a mais antiga instituição e museu de pesquisa em ciências naturais das Américas. Foi fundada em 1812 por muitos dos principais naturalistas da jovem república americana com uma missão expressa de pesquisa e cultivo das ciências. Percorrer seus corredores dá a impressão de passear numa Arcade Noé congelada no tempo.

O Independence Hall, Patrimônio Mundial da Unesco, é talvez uma das principais atrações em Filadélfia, já que em seu prédio está a Declaração de Independência americana, assinada em 1776.

A Penitenciária Estadual do Leste, antiga prisão da Filadélfia, operou de 1829 a 1971, refinando o sistema revolucionário de encarceramento separado, pioneiro na cadeia Walnut Street, que enfatizava os princípios de reforma em vez de punição. 
O prédio, desativado, é aberto à visitação, onde é possível, inclusive, conhecer as celas de criminosos como Al Capone e Willie Sutton, notório ladrão de bancos.

Do café da manhã ao jantar, só delícias


Agastronomia da Filadélfia é um capítulo à parte, pois suas diversas e variadas opções são perfeitas para todo tipo de gosto e bolso. Para começar, uma boa dica é tomar café da manhã no Reading Terminal Market, um dos maiores e mais antigos mercados públicos da América, em atividadedes de 1893 em um edifíciodo National Historic Landmark.
O mercado, bem próximo aos moldes do tradicional Mercadão de SP, oferece uma incrível seleção de produtos cultivados e exóticos localmente. Há também enorme variedade de carnes e aves de origem local, além dos melhores frutos do mar, queijos, assados e doces.

Almoçar no Urban Farmer, uma moderna churrascaria nos moldes rural chic, é quase uma atração obrigatória. Isto porque enfoca a narrativa do Country Farmer, misturando-se à modernidade criada por colecionadores de arte cosmopolita.

O Campo's Philly Cheesesteaks é a pedida para aquele lanche da tarde, pois desde 1947 oferece o melhor cheesesteaks (foto abaixo) da cidade. Impossível visitar Philly e não provar sua mais famosa iguaria. 


Estilo Francês 


E para fechar com chave de ouro, o jantar na cidade há de ser no Parc, um fino restaurante com uma interpretação cinematográfica abrangente, ao melhor do estilo de vida francês, desde os elementos de design autênticos, e importados, aos pratos refinados e extremamente saborosos.
Parc é uma verdadeira carta de amor levemente perfumada para tudo o que a Cidade Luz tem a oferecer, porém escrita pelas 
mãos filadelfienses. 


Filadélfia é mesmo a cidade do amor fraternal e o local que você, como bem sentenciou o cantor e poeta Neil Young, adoraria chamar de casa.
 


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